No último mês do ano é sempre assim, nós nos organizamos para um encerramento positivo, tentando esquecer e deixar para trás tudo o que não saiu como queríamos. Em paralelo, vamos sonhando e planejando o período seguinte, retomando decisões que ficaram no fundo do baú e desenvolvendo novos projetos.
E é para falar de 2021 que o Futuro On-line, depois de uma rodada com todos os nossos gestores e consultoria de investimento, encerra este ano entrevistando José Serafim de Freitas. Diretor da Funsejem, é ele quem acompanha a entidade nos aspectos administrativos e de investimentos, ao lado de outros quatro diretores, e que compartilha a seguir suas perspectivas para 2021.
Dezembro chegou e agora o que mais se discute no mercado financeiro são temas relacionados às perspectivas para 2021. Dentre elas, já temos uma previsão de inflação um pouco mais alta que a de semanas atrás, de 3,22%, mas lado a lado a uma estimativa positiva de crescimento do PIB (produto interno bruto), de 3,31%. Eu considero uma notícia e tanto, se levarmos em consideração a contração da atividade industrial, esperada para 5,34% até o fechamento deste ano.
As reflexões e o levantamento de tantos outros dados além destes que acabei de citar são um exercício importante e fundamental ao planejamento futuro. Principalmente para os gestores de investimentos, que têm, de forma compartilhada com a Diretoria da Funsejem, uma responsabilidade enorme na escolha dos portfólios.
Nós estamos todos aguardando com ansiedade o tão esperado ciclo de recuperação pós-pandemia, e enquanto isso trabalhando em cenários projetados, considerando as restrições e dificuldades que ainda nos atingem, bem como a diversificação e a análise de mercados alternativos à queda de juros. E neste sentido, não há como não abordar a questão risco, do ponto de vista do nível a se adotar e aceitar nas carteiras.
Risco: por que e para que
Uma coisa é certa. Todo investimento é arriscado. Mas a leitura correta do risco pode trazer resultados expressivos ao longo do tempo. Então o que precisamos fazer é entender, respeitar os ciclos econômicos, e feito isso, nos posicionar nas crises de modo a identificar oportunidades de valor, com mais de técnica e menos emoção.
A nossa Política de Investimento é um documento importante que vem sendo aprimorado ano a ano, permitindo essa gestão profissional. O nosso foco está sempre voltado ao equilíbrio de ativos de qualidade, resultados consistentes, e uma correlação adequada para o atingimento de objetivos de curto, médio e longo prazos, pois em um plano de previdência você tem, pessoas iniciando suas poupanças, outras no meio caminho, as que estão prestes a se aposentar e as que já recebem renda.
Na política para 2021, os perfis moderado, agressivo e superagressivo, que já contam com grau de risco mais elevado tiveram seus limites de exposição apenas ajustados em relação à realidade atual, e isso, claro, precisa ser observado pelos participantes da forma que melhor traduza suas crenças, valores e objetivos (conheça os destaques da política aqui).
Já o perfil conservador teve sua exposição ao risco revista de forma praticamente cirúrgica, contemplando mais volatilidade no curto prazo, na tentativa de superação do retorno do CDI nos prazos mais longos.
Juros altos estão no passado
Sobre o desempenho das aplicações CDI, é importante relembrarmos o comportamento passado. Durante muito tempo, nos acostumamos aos benefícios de uma taxa de juros alta, garantida pelos títulos públicos pós-fixados, de excelente retorno, e com risco baixíssimo. Foi uma época em que o risco de outros investimentos mais estruturados não compensava.
Hoje, a situação é totalmente oposta. As aplicações indexadas ao CDI estão girando em 2% ao ano, e não vão sequer repor a inflação de 2021, se ela se confirmar para 3,22% como previsto pelo mercado. É por este motivo que o perfil conservador foi desenhado com uma pequena exposição ao mercado de alto risco, como renda variável, e consequentemente uma pequena volatilidade no curto prazo.
Esticando o olhar futuro
Nós precisamos cada vez mais esticar o olhar, com vistas aos períodos mais longos, quando os recursos do plano de aposentadoria serão utilizados. É assim que neutralizamos os efeitos da volatilidade e afastamos aquele sentimento de que ganhei em um mês, e perdi no outro. O que vale é o ganho real ao longo do tempo, ou seja, o ganho acima da inflação.
A escolha do perfil, por conta disso, não pode ser baseada no que se passou, as realidades são distintas e os resultados não se repetem, principalmente quando falamos de aplicações de alto risco. Os ciclos de alta da bolsa de valores são sempre seguidos por quedas abruptas, seja por realização de lucros ou por fatores macroeconômicos que motivam os investidores a saírem rapidamente dos seus ativos de risco. A decisão por um perfil não pode de forma alguma significar um lance de sorte ou azar, ela precisa refletir a sensibilidade do participante ao risco e um posicionamento consciente.
Cultura previdenciária: além da rentabilidade
A construção de uma reserva financeira não se dá apenas com rentabilidade, ela envolve cultura previdenciária, motivação para poupar a todo tempo, com aportes mensais, anuais ou em momentos de renda extra. Uma rentabilidade ótima sobre um capital baixo não faz tanta diferença, mas à medida que o capital cresce, o efeito de multiplicação se torna muito maior.
Os portfólios da Funsejem são bem diversificados de forma a mitigar os riscos das carteiras. Isso não significa que você vai ganhar todas as vezes, mas que no longo prazo você terá uma reserva financeira consistente. Se você mantiver suas contribuições, aportes e firmeza no objetivo de longo prazo, não vai se arrepender.
O mundo dos investimentos está cada vez mais desafiador. Nós precisamos nos preparar, adquirir mais conhecimento e compreender as melhores formas de investir nossas economias com segurança. Não se trata de ganhar muito uma única vez, mas de persistir, diversificar, evoluir gradualmente nos aportes, enfim, se planejar de forma consistente ao longo do tempo.
Sobre a Diretoria da Funsejem
Ela responde pela administração geral, tomando as ações necessárias ao andamento da entidade. Nos investimentos, é ela quem propõe as diretrizes básicas de aplicação patrimonial, indica e remete à aprovação do Conselho Deliberativo os bancos gestores para administrar os investimentos. Para conferir a relação completa dos diretores da Funsejem, clique aqui.
-
Sempre alerta!
Quando o assunto é investimento, sua análise precisa se basear no momento pelo qual passa o mercado financeiro, nas características da aplicação, e na adequação ao seu perfil de investidor. Os desempenhos, sejam de sua carteira pessoal ou da sua modalidade de investimento no plano de aposentadoria da Funsejem, devem ser considerados apenas como referência de gestão, e não como fator determinante para sua escolha, pois resultados passados não garantem rentabilidade futura.