18 de fevereiro é o Dia Nacional do Combate ao Alcoolismo. A data é uma oportunidade para reforçar a meta global da Organização Mundial da Saúde (OMS) de reduzir em 10% o consumo nocivo de bebidas alcoólicas no mundo até 2025. O objetivo é desafiador, principalmente no Brasil que mesmo reduzindo em 11% o consumo de álcool per capita no país em seis anos – passou de 8,8 litros, em 2010, para 7,8 litros, em 2016 –, o país ainda está acima da média mundial de consumo per capita que é de 6,4 litros por ano.
Os dados fazem parte de um panorama completo sobre o consumo de bebidas alcoólicas no Brasil entre 2010 e 2017, elaborado pelo CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool). O documento reúne pesquisas realizadas pela OMS e pela OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), além de artigos científicos publicados em periódicos de renome, no país e no exterior.
Existe felicidade sem o consumo de álcool?
Arthur Guerra de Andrade, psiquiatra e especialista em dependência química, presidente executivo do CISA, afirma que sim. “Beber é um comportamento que faz parte de diferentes culturas e grupos sociais há milhares de anos. Assim como outros comportamentos, ‘aprendemos’ a beber observando como e quando as outras pessoas bebem. O problema é que nem sempre a percepção individual condiz com a realidade”, observa. “Esse fenômeno é antigo, mas acredito que as novas tecnologias de comunicação podem ser ferramentas úteis para desconstruir essas crenças e distorções.”
Efeitos do álcool no organismo
Pequena e solúvel em água a molécula do álcool atinge a corrente sanguínea de forma rápida e logo chega ao coração, cérebro e os músculos. “É importante ressaltar que o álcool é metabolizado mais lentamente do que é absorvido. Esse processo de metabolização é influenciado pela composição biológica de quem está bebendo, por aspectos sociais e ambientais, o que pode acarretar em maior ou menor risco de desenvolver problemas relacionados ao álcool”, destaca dr. Arthur.
“Há doenças e condições de saúde que são totalmente atribuíveis ao álcool, como a dependência do álcool, Síndrome Alcoólica Fetal, psicose alcoólica e Síndrome de pseudo-Cushing induzida pelo álcool. Além disso, o consumo de álcool pode agravar doenças pré-existentes, como problemas no fígado e gastrointestinais, pancreatite, doenças cardíacas, vasculares e cerebrais. Há também certas condições crônicas em que o álcool é fator contribuinte, como câncer de boca, de orofaringe e de mama, e aborto espontâneo.”
Beber moderadamente
O psiquiatra explica que os efeitos do álcool no organismo são influenciados por diversos fatores, como vulnerabilidade genética, sexo, idade, condição de saúde, quantidade e frequência, entre outros, logo, o limite de consumo individual de bebida alcoólica de cada um vai variar. “Em termos de saúde, as orientações são sempre conservadoras, tendo como limite não beber”, ressalta.
Mesmo com vários estudos que indicam potenciais benefícios para o consumo leve ou moderado de álcool, o CISA considera que há situações e momentos da vida em que o consumo de álcool é inaceitável, ou seja, não deve ser feito:
Além das situações “álcool zero”, o dr. Arthur ressalta que uma pessoa que decida beber precisa considerar um consumo dentro de limites de baixo risco. Para homens, não mais do que 4 doses em um único dia, sem ultrapassar 14 doses na semana. Já para mulheres e pessoas acima de 65 anos, não mais do que 3 doses em um único dia, sem ultrapassar 7 doses na semana. “Uma dose corresponde a cerca de 14 gramas de álcool puro, o equivalente a 350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 45 ml de destilado (vodca, uísque, cachaça, gin ou rum) e mesmo dentro desses limites, a pessoa pode ter consequências negativas se beber muito e rapidamente”, explica.
Fica o alerta! O álcool é considerado por muitos um mecanismo usado para a socialização, no entanto, vale o bom senso e a priorização da qualidade de vida e saúde na hora de ultrapassar os limites seguros. Pense nisso!