Investimentos aos poucos voltam aos trilhos

A máxima que versa sobre o aspecto cíclico dos investimentos se mostra de tempos em tempos. O que muda é o grau de profundidade e a duração do período de queda ou recuperação que a caracteriza.

Há 1 ano e meio, ninguém tinha ideia de como seria o ciclo de baixa iniciado naquele fatídico mês de março de 2020, quando não só o mercado acionário, como os segmentos de aplicações mais conservadoras mundo afora pareciam se dissolver.

A dificuldade em visualizar a luz no fim do túnel estava na natureza do fato causador. A pandemia da covid-19 era de alta imprevisibilidade naquele momento, bem como as condições de recuperação econômica dos países.

A alternativa possível para a gestão dos investimentos foi encurtar horizontes, com um olho atento às oportunidades que aos poucos surgiam, e outro nas estratégias e objetivos das respectivas carteiras de aplicações. Juntando-se a isso paciência, vamos, enfim, equilibrando e neutralizando a alta volatilidade que insiste em persistir.

Trajetória dos perfis

Com os últimos resultados dos perfis de investimentos da Funsejem, que são de junho, a rentabilidade acumulada em 2021 já está próxima do desempenho do ano inteiro de 2020, para os perfis de maior risco. Uma recuperação considerável.

12 meses: Jan-Dez/2020
Conservador: 2,75%
Moderado: 2,77%
Agressivo: 3,48%
Superagressivo: 4,94%
6 meses: Jan-Jun/2021
Conservador: 1,37%
Moderado: 2,11%
Agressivo: 3,25%
Superagressivo: 4,67%

No acumulado de 12 meses, que já não inclui o mês de março de 2020, todos os resultados dos perfis superam o CDI, índice que reflete a rentabilidade das aplicações de menor risco no mercado financeiro.

12 meses: Jul/20 a Jun/21
Conservador: 3,07%
Moderado: 5,07%
Agressivo: 8,81%
Superagressivo: 12,53%
2,26%
1,89%
1,75%

Já na análise de períodos maiores, a queda de março de 2020 se dissipa, porque em meio a tantos meses e resultados, é normal que as baixas sofridas tenham seu impacto amenizado. É a grande vantagem dos investimentos de longo prazo.

36 meses: Jul/18 a Jun/21
Conservador: 15,14%
Moderado: 26,18%
Agressivo: 33,65%
Superagressivo: 42,68%
CDI: 13,73%
60 meses: Jul/16 a Jun/21
Conservador: 40,58%
Moderado: 54,44%
Agressivo: 65,59%
Superagressivo: 78,26%
CDI: 37,78%
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De olho na inflação

Apesar do desempenho de superação que vem se desenhando, o cenário atual é de instabilidade, sem uma recuperação totalmente sustentável à frente, e ainda com direito a sustos no caminho. Prova disso é a inflação. Vilã dos investimentos, visto que anula parte da rentabilidade conquistada, ela surpreendeu e veio com mais força que o esperado. Em 2021, a inflação medida pelo IPCA já acumula 3,77% até junho, deixando apenas o perfil superagressivo com rentabilidade real, ou seja, rentabilidade acima da inflação.

O aquecimento econômico internacional, e questões nacionais como o déficit fiscal, sem previsão de solução, e a instabilidade no ambiente político são alguns dos fatores que contribuíram para a alta dos preços. Para evitar um descontrole, o Banco Central tem elevado a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 4,25%.

Os impactos da Selic

Alterações em taxas de juros e inflação impactam aplicações que tenham rendimento pré-fixado, ou seja, definido no momento da compra do papel. Isso ocorre porque as mudanças nas taxas, assim que se efetivam, podem tornar estes papéis menos interessantes ao mercado financeiro, causando uma desvalorização de curto prazo. É o que vimos no primeiro trimestre do ano, de resultados negativos para os títulos públicos pré-fixados e os indexados à inflação, em especial aqueles que têm vencimento em prazo superior a 5 anos.

Outro impacto provocado pela taxa básica é sobre as aplicações mais conservadoras, mas neste caso, ele não é imediato. A Selic é referência de rendimento para estes papéis. Quando ela é reduzida, o retorno financeiro conservador cai, e o contrário acontece quando a taxa é elevada. Os investimentos conservadores vêm sofrendo já há um tempo. Em junho de 2019, a Selic era de 6,5% ao ano, patamar já baixo. De lá para cá, ela foi sendo reduzida, chegando a 2% no ano passado. Pelo que especula o mercado financeiro, a previsão é de que ela encerre 2021 acima dos 6%.

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Você e os perfis

Com relação a 2021, estamos só na metade de um caminho que até dezembro tende a exigir atenção especial. A escolha do seu perfil de investimento, porém, deve extrapolar o período que vivemos, mirando o longo prazo, e tendo como base suas características pessoais e seus objetivos para o investimento que faz no plano de previdência.

O acompanhamento do cenário econômico deve ser feito para que você tenha condições de analisar impactos e rumos dos investimentos, e não para uma busca ou fuga de resultados. Como pudemos observar pelos gráficos de desempenho acumulado, quanto maior o tempo de poupança, mais consistentes e significativos são os retornos, e isso para todos os perfis. Melhor, assim, evitar o risco de perder patrimônio na corrida inglória de curto prazo, investindo de forma mais assertiva, ao considerar seu verdadeiro perfil.

  • Sempre alerta!

    Quando o assunto é investimento, sua análise precisa se basear no momento pelo qual passa o mercado financeiro, nas características da aplicação, e na adequação ao seu perfil de investidor. Os desempenhos, sejam de sua carteira pessoal ou da sua modalidade de investimento no plano de aposentadoria da Funsejem, devem ser considerados apenas como referência de gestão, e não como fator determinante para sua escolha, pois resultados passados não garantem rentabilidade futura.