O melhor momento é agora

A melhor hora para começar a poupar para os filhos é logo após o nascimento. É o que recomenda Guilherme Pressi, mestre em Economia com ênfase em Controladoria e coordenador do curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Cesuca, de Cachoeirinha (RS). O tempo é o maior aliado dos pais. “Quanto mais cedo a família começa a poupar, mais tempo o dinheiro terá para crescer por meio de acumulação dos rendimentos financeiros periódicos”, afirma o especialista que faz uma consideração valiosa:
“Investir para os filhos não é só sobre acumular dinheiro, mas sim uma oportunidade poderosa de ensinar valores e comportamentos financeiros desde cedo.”

Educação, proteção e independência
Professor Guilherme orienta dividir a reserva financeira para os filhos em três grandes objetivos:

Educação
Horizonte de tempo: 5 a 20 anos
Recursos para escola, cursos, intercâmbios e faculdade.

Reserva de emergência ou proteção
Horizonte de tempo: contínuo
Fundo para imprevistos com saúde, escola ou outras despesas extras.

Independência financeira
Horizonte de tempo: 15 a 25 anos
Apoio para a vida adulta, como comprar um imóvel, abrir um negócio ou realizar um sonho.
Organize os objetivos em três grandes grupos:
1 – Curto prazo (0–3 anos): reserva e pequenas despesas.
2 – Médio prazo (3–10 anos): educação e experiências.
3 – Longo prazo (10+ anos): independência financeira.
Em investimentos que crescem com seu filho
O especialista explica que os investimentos de longo prazo, com objetivos para usufruir do montante em 10, 15, 20 anos, combinam segurança, rentabilidade e o efeito dos juros compostos. “Por isso, o ideal é montar uma carteira diversificada e segura”, orienta Guilherme, que apresenta uma estratégia de combinação.
Tipo de investimento |
Percentual sugerido (perfil moderado) |
| Tesouro Direto IPCA+ | 30% |
| Fundos de Índice (ETFs brasileiros) | 25% |
| Fundos ou ETFs internacionais | 25% |
| Fundos Imobiliários (FIIs) | 10% |
| Previdência privada | 10% |
Entenda as opções
- Tesouro Direto (Tesouro IPCA+) – título público que paga uma taxa fixa + variação da inflação.
- Fundos de Índice (ETFs) – fundos que replicam índices da bolsa (como Ibovespa, S&P 500, etc.).
- Fundos ou ETFs internacionais – protegem contra a desvalorização do Real e aumentam a diversificação.
- Fundos Imobiliários (FIIs) – fundos que investem em imóveis (shoppings, escritórios, galpões logísticos).
- Previdência Privada – ideal para investimentos de longo prazo com benefício fiscal e sucessório.
Nesse sentido, a organização e a disciplina fazem toda a diferença.
“Utilize uma planilha de entradas e saídas. Jamais gaste mais do que ganha e use a regrinha de 50-30-20: 50% para necessidades (moradia, transporte, alimentação), 30% para desejos (lazer, viagens, assinaturas) e 20% para investimentos e dívidas”, recomenda o professor.
Não esqueça: antes de qualquer investimento, faça uma reserva de emergências. Idealmente de 6 a 12 meses do seu custo fixo mensal, guardada em aplicações de liquidez diária e baixo risco.
Ensinar com o exemplo e com propósito
Outra atitude fundamental nessa jornada financeira é envolver a criança desde cedo. Investir para os filhos é também uma oportunidade de ensinar sobre dinheiro, escolhas e responsabilidade. “Crie um projeto financeiro em conjunto, associando o investimento a um objetivo concreto, como faculdade, intercâmbio, primeiro carro etc., isso faz a criança entender que dinheiro é uma ferramenta para realizar sonhos, não um fim em si mesmo”, recomenda o professor.
O especialista também indica mostrar como é a mágica dos juros compostos e de forma lúdica.
“Use recursos visuais, aplicativos de simulação, faça desafios para que a criança possa ver o crescimento e como o dinheiro trabalha sozinho ao longo do tempo.”

Criar contas ou investimentos em nome dos pequenos também pode ser uma ferramenta atrativa. Hoje é possível abrir contas de investimentos para menores de idade que já possuem CPF. “Deixe que eles vejam o saldo e participem de pequenas decisões, como escolher entre dois tipos de investimentos. Quando crescerem, transfira a gestão gradualmente, isso ajuda a criar senso de responsabilidade e autonomia”, explica Guilherme.
A boa e velha mesada também é outra ferramenta educativa e segundo o professor dá para ensinar as crianças a dividirem a mesada em curto prazo, médio e longo prazo. “Converse sobre erros e acertos, fale abertamente sobre as decisões financeiras da família, mostre que todos aprendem com erros e que planejar é melhor do que improvisar. Além disso, explique que investir não é só para ficar rico, mas para ter liberdade de escolha, ajudar outras pessoas e realizar sonhos sem dívidas”, recomenda Guilherme, que finaliza:
“Envolver os filhos em conversas sobre poupança e dinheiro desde cedo tem um impacto profundo que vai muito além do aspecto financeiro, isso influencia valores, comportamento, maturidade emocional e visão de futuro.”






