Segurança e saúde no trabalho: prevenção e bem-estar ocupacional

O Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho foi celebrado em 28 de abril e a data tem como objetivo a conscientização sobre a importância da prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. Instituída para homenagear as vítimas de acidentes e doenças ocupacionais e reforçar a importância da prevenção no ambiente de trabalho, a data remonta a um trágico acidente ocorrido em 1969, quando uma explosão em uma mina nos Estados Unidos resultou na morte de 78 trabalhadores. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) instituiu o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho em 2003. No Brasil, essa iniciativa foi reconhecida oficialmente em 2005, consolidando-se como um momento de reflexão e mobilização para garantir condições laborais mais seguras. Alinhado a essa causa surgiu o Movimento Abril Verde, que promove ao longo do mês de abril diversas ações para sensibilizar empresas, trabalhadores e a sociedade sobre a necessidade de um ambiente de trabalho mais seguro e saudável.

A relevância da prevenção no ambiente de trabalho

Nesse sentido, “a prevenção de acidentes e doenças profissionais é fundamental para proteger os trabalhadores, aumentar a eficiência e melhorar a imagem da empresa, além de assegurar a conformidade legal, promovendo um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo”, afirma a enfermeira, gerontóloga com especialização em Enfermagem do Trabalho, Maria Ivanilde de Andrade. Essa preocupação não apenas reduz custos com afastamentos e tratamentos médicos, mas também favorece o bem-estar físico e mental dos colaboradores.

Empresas que priorizam a segurança ocupacional criam um ambiente mais motivador para seus funcionários. “Funcionários que se sentem protegidos estão mais motivados e engajados, o que se reflete em um desempenho superior”, explica a especialista. Além disso, a conformidade com as legislações trabalhistas evita sanções legais e garante a continuidade das operações, tornando a prevenção uma estratégia essencial para a sustentabilidade organizacional.

Evolução na promoção da saúde e bem-estar

Nos últimos anos, houve avanços significativos na forma como as empresas encaram a saúde ocupacional. “A conscientização sobre segurança e saúde no trabalho tem levado à criação de normas mais rigorosas e à implementação de treinamentos contínuos para os colaboradores”, destaca Maria Ivanilde. As organizações passaram a adotar medidas mais abrangentes, promovendo não apenas a segurança física, mas também o bem-estar emocional e mental dos trabalhadores.

Uma das grandes transformações foi o reconhecimento da importância da saúde mental no ambiente corporativo. “A saúde mental no local de trabalho ganhou destaque, com a adoção de programas de apoio psicológico e iniciativas voltadas para a gestão do estresse e o equilíbrio entre vida profissional e pessoal”, ressalta a enfermeira. “Além disso, a ergonomia tornou-se um foco central, garantindo que trabalhadores tenham acesso a equipamentos adequados para minimizar riscos de lesões.”

Um exemplo disso é a lei nº 14.831, sancionada em março de 2024, que estabelece diretrizes para prevenir e tratar questões de saúde mental no ambiente de trabalho, como estresse, ansiedade e burnout. Para estar em conformidade com a nova legislação, as empresas, sejam públicas ou privadas, devem implementar várias ações a partir deste mês (maio). Entre as principais iniciativa estão a criação de programas de apoio psicológico e a disponibilização de canais de comunicação confidenciais para os funcionários.

O impacto dos transtornos mentais no trabalho

A pandemia de covid-19 trouxe maior visibilidade para os transtornos mentais relacionados ao ambiente de trabalho, que já existiam e foram intensificados pela crise sanitária. “Entre os transtornos mais comuns, destaca-se o estresse ocupacional, frequentemente causado por alta carga de trabalho e prazos apertados, que pode desencadear ansiedade e depressão”, alerta Maria Ivanilde. A especialista também menciona a síndrome de Burnout, que afeta especialmente profissionais que lidam diretamente com o público.

Diante desse cenário, medidas preventivas são fundamentais. “Para prevenir esses transtornos, é essencial promover um ambiente de trabalho saudável, onde a comunicação seja aberta e os colaboradores se sintam valorizados”, afirma a enfermeira e gerontóloga. O incentivo ao equilíbrio entre vida profissional e pessoal, treinamentos em gestão do estresse e suporte psicológico são algumas das ações que podem reduzir os impactos da saúde mental no ambiente corporativo.

Saúde e segurança para todas as gerações e setores

Com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros, as empresas precisam adaptar suas estratégias para garantir a segurança e o bem-estar dos colaboradores de diferentes faixas etárias. “A prevenção de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, deve ser uma prioridade, com a implementação de programas de saúde que incluam exames regulares e campanhas de conscientização. Além disso, o suporte à saúde mental é essencial, através de terapia e programas de gerenciamento do estresse, promovendo um ambiente de trabalho inclusivo”, pontua Maria Ivanilde.

A especialista também destaca a importância da flexibilidade no trabalho, com a adesão ao home office e horários adaptáveis, o que ajuda a equilibrar as responsabilidades pessoais e profissionais, especialmente para aqueles que cuidam de familiares. “A ergonomia também é fundamental, com investimentos em móveis adequados para prevenir lesões. Programas de atividade física podem contribuir para a saúde geral e reduzir o absenteísmo. É crucial promover um ambiente que valorize a diversidade etária e reconheça a experiência dos colaboradores mais velhos, repensando as políticas de aposentadoria com suporte na transição para essa nova fase. Ao implementar essas medidas, as empresas não apenas promovem o bem-estar, mas também se beneficiam de uma força de trabalho mais engajada e produtiva.”

Promover a saúde e o bem-estar nas empresas é um objetivo compartilhado, mas Maria Ivanilde destaca que a abordagem varia conforme o setor, a cultura organizacional e o perfil dos colaboradores. “Cada segmento possui desafios específicos. Indústrias precisam priorizar a segurança física e o uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), enquanto empresas de tecnologia, por exemplo, devem focar na ergonomia e saúde mental. A personalização das estratégias de saúde no trabalho é fundamental para garantir sua eficácia”, conclui.

O Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho reforça a importância de ambientes laborais seguros, saudáveis e produtivos. A evolução das práticas empresariais mostra que a preocupação com a saúde vai além da prevenção de acidentes ela engloba o bem-estar físico, mental e emocional dos trabalhadores. Empresas que investem na segurança e qualidade de vida dos seus colaboradores fortalecem sua produtividade e reputação, tornando-se referências em responsabilidade social e gestão sustentável.

Maria Ivanilde de Andrade é enfermeira, gerontóloga com especialização em Enfermagem do Trabalho. Mestre em Educação e Doutoranda em Biotecnologias em Saúde. Professora do Curso de Medicina na Faseh - MG (Faculdade da Saúde e Ecologia Humana) e de Práticas Médicas e Habilidades Médicas no SUS (Sistema Único de Saúde).