Os resultados dos perfis de investimento da Funsejem em fevereiro, divulgados dia 5/03, acabaram por confirmar a expectativa de tensão e volatilidade nas carteiras com maior exposição aos ativos de alto risco. A forte queda na Bolsa deixou os perfis agressivos com resultados negativos no acumulado do primeiro bimestre e reforçou a dúvida sobre até quando o mercado financeiro se abalará com as incertezas em torno do Covid-19, o novo coronavíris.
Quer entender um pouco melhor este momento com a visão de um dos gestores do seu plano aqui na Funsejem? Então leia a seguir o que pensa e espera Denis Omatti, Head da área de Multi-Asset Solutions, da BV Asset.
Retrospecto
“Apesar do ritmo de crescimento na economia mundial ter sido positivo em 2019, no início de 2020, já começamos a ver sinais de volatilidade. O grande destaque no ano passado foi a guerra comercial entre a China, maior produtora de manufatura no mundo, e os Estados Unidos, maior país consumidor. Em suma, os Estados Unidos buscavam proteger os produtores norte-americanos e reverter o déficit comercial que o país têm com a China, chegando a anunciar tarifas sobre os produtos chineses. O governo chinês por sua vez reagiu impondo tarifas sobre produtos dos Estados Unidos. Esta disputa durou cerca de dois anos, chegando a um primeiro acordo ao final de 2019, e q um acordo final no início de 2020, o que ajudou a acalmar os mercados.
No Brasil, tivemos o quarto ano consecutivo de alta na Bolsa de Valores. A recuperação econômica brasileira mostrou maior consistência. Os dados melhores de atividade exemplificam a retomada do crescimento mais robusto, com inflação controlada. Além disso, o impacto da aprovação da reforma da previdência e a continuidade da agenda de aprovação de medidas das reformas administrativa e tributária, para destravar ainda mais a atividade econômica brasileira, trouxeram ao mercado financeiro uma expectativa positiva. Dessa forma, o Banco Central teve espaço para cortar a taxa de juros ao longo do ano, chegando à mínima histórica de 4,5% em 2019.”
1º bimestre 2020
“Temos trabalhado com uma visão um pouco mais defensiva. O ano começou com inúmeros acontecimentos. Os primeiros dias de janeiro foram mais turbulentos que o previsto devido ao início das tensões entre Estados Unidos e Oriente Médio. O segundo mês foi marcado pela piora em relação ao surto do novo coronavírus que trouxe risk off (aversão ao risco) aos mercados internacionais, fazendo com que os principais ativos fossem impactados negativamente e devolvessem parte dos ganhos auferidos em 2019.
Agora precisamos saber se o impacto vai ser de curto prazo, com recuperação em V, ou seja, o PIB cai no trimestre, mas recupera no trimestre seguinte. Nos Estados Unidos, os sinais econômicos estavam positivos, mas a crise com o coronavírus também atingiu o país. Além disso, eles têm eleições neste ano, mais um ponto de atenção. Ao mesmo tempo, a gente vê a crise na OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) trazendo mais volatilidade. No Brasil, apesar de uma perspectiva de dados melhores para este ano, analistas já revisaram para baixo as projeções para o PIB devido aos impactos que a pandemia deverá causar no mercado global”.
Continua depois do gráfico.
Perfis 1º bimestre 2020
Conservador: 0,75%
Moderado: 0,21%
Agressivo: -0,74%
Superagressivo: -1,35%
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Janeiro
2020
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Fevereiro
2020
Traçando estratégias em cenário incerto
“Esta é uma arte difícil de executar, precisamos nos posicionar. Temos um comitê de investimento que se reúne todo início de mês para falar sobre as estratégias e oportunidades no mercado, mas sempre nos atentando aos riscos envolvidos. Dito isso, buscamos trabalhar utilizando hedge (instrumento para proteger operações financeiras contra alta volatilidade) e com posições equilibradas.
Nosso cenário de longo prazo para o Brasil não mudou. Acreditamos que a inflação deve continuar controlada por mais tempo e os juros devem se manter no patamar atual. O que estamos fazendo em nossas carteiras é diminuindo risco e exposição, já que no ano passado conseguimos resultados positivos e os ativos já estavam bem precificados. Nossas posições no mercado de renda fixa, por exemplo, são analisadas pelo prazo de vencimento do ativo, e quanto mais longo o papel, mais arriscado ele pode ser. Desse modo, preferimos sair destas posições e ficar expostos a papéis com vencimentos de curto prazo”.
CDI X inflação
“O perfil conservador é desafiador. Se temos um cenário com o CDI a 15%, o investidor não precisa fazer muita coisa para conseguir uma poupança de longo prazo tranquila e sem risco. Porém, com o cenário atual e o CDI a 4%, o que podemos fazer? Se você tem um perfil conservador de fato, não há como fugir muito do CDI, mas se quiser ter um ganho a mais, precisa pensar em diversificar uma parte da carteira, podendo alocar em fundos de crédito privado ou em títulos de NTN-B, um título de renda fixa do governo que paga a inflação mais um cupom pré-fixado (taxa de juros).
Para os mais agressivos, os investimentos em estruturados ajudam bastante na diversificação. Eles englobam os multimercados, que permitem ao gestor usufruir de todo o mercado de capitais. A principal estratégia é desenhar um cenário econômico fundamentalista para os próximos dois anos, e com base nisso alocar na Bolsa brasileira, se acreditar ser uma boa oportunidade, ou ter posições no mercado de ações internacional, como temos hoje com a Funsejem. Mas os investimentos na parcela de estruturados precisam ser vistos no longo prazo, só aí conseguimos extrair de fato um resultado do investimento inicial”.
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Sempre alerta!
Quando o assunto é investimento, sua análise precisa se basear no momento pelo qual passa o mercado financeiro, nas características da aplicação, e na adequação ao seu perfil de investidor. Os desempenhos, sejam de sua carteira pessoal ou da sua modalidade de investimento no plano de aposentadoria da Funsejem, devem ser considerados apenas como referência de gestão, e não como fator determinante para sua escolha, pois resultados passados não garantem rentabilidade futura.