Cenário internacional e a influência nos investimentos

Depois de meses de batalha comercial entre Estados Unidos (EUA) e China, as duas potências sinalizaram paz e assinaram a fase 1 de um acordo comercial no mês de janeiro. O acordo comercial inclui a promessa de a China comprar pelo menos US$ 12,5 bilhões adicionais em produtos agrícolas em 2020 e um total de US$ 200 bilhões em produtos dos EUA ao longo de dois anos, reduzindo o déficit comercial entre os países.

Nesse sentido, o Brasil pode perder alguns ganhos conquistados ao longo desta guerra, pois a China praticamente parou de comprar soja dos EUA durante a disputa comercial, o que impulsionou as exportações do país. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os chineses compraram quase 80% da safra brasileira de soja em 2019.

“A economia mundial é dominada pelas superpotências. Por isso, que o comportamento de países como EUA e a China tem uma influência enorme sobre os outros países”, explica o economista e professor da Unianchieta, Marino Mazzei. “Em 2019, os fatores externos que mais influenciaram a nossa economia foram as sobretaxas que essas duas potências impuseram nos comércios bilaterais. Os EUA tentando reduzir a importação de produtos chineses e eles, por sua vez, fazendo a mesma coisa. Essa situação deu um incentivo a mais nas exportações brasileiras, mas agora que EUA e China entraram em acordo também sentiremos os efeitos.”

Marino Mazzei, economista e professor da Unianchieta
Marino Mazzei, economista e professor da Unianchieta

Segundo especialistas, a alternativa para o Brasil ganhar com o acordo comercial entre EUA e China é vender produtos não mencionados no ‘tratado de paz’ e também buscar fortalecer outras parcerias comerciais, como a já existentes com países da América Latina, Europa e Oriente Médio.

“Em 2019, os fatores externos que mais influenciaram a nossa economia foram as sobretaxas que essas duas potências impuseram nos comércios bilaterais. Os EUA tentando reduzir a importação de produtos chineses e eles, por sua vez, fazendo a mesma coisa. Essa situação deu um incentivo a mais nas exportações brasileiras, mas agora que EUA e China entraram em acordo também sentiremos os efeitos.”

Coronavírus

Não são apenas as decisões macroeconômicas dos governos das grandes potências que têm impacto sobre a economia brasileira e, consequentemente nos investimentos.

A crise entre EUA e Irã, que também elevou o nível de incerteza global. Após o ataque aéreo norte-americano em Bagdá que resultou na morte do comandante das Forças Quds, uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã, o general Qassem Suleimani, o preço do petróleo disparou, as bolsas despencaram e o dólar subiu. Isso acontece porque os investidores ficam menos dispostos a correr riscos em situações como essa, preferindo ativos mais seguros.

Outro exemplo é o surto de coronavírus no mundo. O avanço da doença assustou investidores e derrubou as bolsas dos países emergentes. Após o primeiro caso de Covid-19 confirmado no Brasil, no fim de fevereiro, o Ibovespa obteve declínio de 5% e o dólar vem batendo recordes nominais diariamente.

Os números de novos casos da doença na China veem diminuindo todos os dias, no entanto, o cenário de evolução da doença ainda é incerto e por isso a instabilidade dos mercados deve permanecer.

Um exemplo disso, foi a redução de 0,5 ponto percentual na taxa de juros norte-americana, algo que não acontecia desde a crise de 2008. Há expectativa de que outros países, inclusive o Brasil, adotem medidas semelhantes para tentar conter os efeitos da pandemia.

Em fevereiro, o Copom (Comitê de Política Monetária) já havia baixado a Selic, a taxa de juros brasileira, para 4,5% ao ano, um reflexo da desaceleração global após o surto de coronavírus, mas também pelo resultado do crescimento do país nos meses de novembro e dezembro. Para março, o impacto do Covid-19 na inflação do Brasil pode ser decisivo para uma nova redução da taxa de juros.

Já era esperado que a economia brasileira tivesse um desempenho mais morno no início de 2020, principalmente porque as vendas da Black Friday não atingiram a expectativa esperada e a indústria também teve um recuo, mas foi a desaceleração da economia chinesa, um dos principais parceiros comerciais do país, que trouxe mais incertezas. “Para 2020, é certo que estaremos sujeitos a influências externas, pois o Brasil é uma economia global”, finaliza o prof. Marino.

Funsejem

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