Mercado financeiro fecha semestre em alta tensão

No fatídico mês de março de 2020, quando a covid-19 estourou em definitivo, abalando os mercados financeiros mundo afora, nossa Bolsa de Valores parecia ter vivido o pior da pandemia. O último mês de junho, no entanto, mostrou o quanto ainda vivemos sob intensa volatilidade.

O Ibovespa, principal índice de ações da B3 encerrou a primeira metade de 2022 com uma queda brutal. O resultado foi de -11,50% em junho, e fez o acumulado do ano atingir -5,99%. Dentre alguns outros indicadores do mês, tivemos alta de 10,13% no dólar, ganho de 1,02% nas aplicações pós-fixadas, de baixo risco, atreladas ao CDI (índice de referência do segmento de renda fixa), e variação negativa nos títulos públicos indexados à inflação, com data de vencimento superior a 5 anos. Estes papéis, apesar de serem renda fixa, oscilam no curto prazo, e fecharam em -1,10%.

Mais que pensar no desempenho de junho, cabe analisar a trajetória no semestre, principalmente se considerarmos aspectos positivos e minimamente promissores que se aventavam em janeiro e fevereiro. Naquele início de ano, o mercado acionário brasileiro bateu recordes em captação de recursos. Uma das explicações foi a pandemia mais controlada, que trouxe expectativas quanto à diminuição de medidas restritivas, permitindo ensaiar, ainda que aos poucos, uma retomada econômica.

Dentro deste contexto, os preços das commodities se valorizaram, beneficiando o Brasil, que se configura como um exportador de peso. A saber, commodities são mercadorias de diferentes setores, comercializadas no mercado internacional por terem grande importância econômica, como o milho, a carne, o petróleo e o minério de ferro.

A maré, porém, virou e as razões são inúmeras. O crescimento econômico global não consegue sair do papel. Sobre a China, pairam dúvidas em relação à performance no curto prazo. O país adotou uma política de tolerância zero à covid-19, que ainda é uma pandemia sem previsão de término, e que provoca por lá fechamentos e paralisações.

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve, banco central americano, elevou a taxa de juros para tentar controlar a inflação. Mas a medida traz a reboque a possibilidade de uma recessão, com chances de extravasar e ultrapassar o território norte-americano.

Aqui no Brasil, o componente eleições presidenciais sempre provoca volatilidade no meio financeiro. Para além disso, temos o risco fiscal. A proposta de emenda constitucional chamada PEC dos Auxílios vem elevando a desconfiança dos investidores, à medida que os R$ 41,2 bilhões de ajuda social definidos pela proposta extrapolam o teto de gastos do governo, pondo em dúvida a capacidade do país em cumprir com seus compromissos financeiros.

Se um cenário promissor de atividade econômica impulsiona bolsas, o inverso também se concretiza. A possibilidade de retração econômica já fez cair o preço de várias ações, incluindo as commodities. A fuga para outros ativos (investimentos) é uma consequência direta, impulsionada pelos demais riscos, como o fiscal e as tensões em torno do processo eleitoral de outubro.

A inflação é hoje um problema mundial. Nos últimos 12 meses (jun21-mai22), o Brasil acumula 11,21% de inflação, de acordo com o índice IPCA. Já a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI) dos países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico acelerou para 9,6% em maio, atingindo o maior nível desde 1988, de acordo com a OCDE.

O remédio receitado como combate à inflação é o aumento na taxa de juros, pelos bancos centrais de cada país. Infelizmente, ele tem um efeito colateral danoso, a recessão, já compreendida por muitos analistas como uma ameaça real para o mundo.

O desafio é grande. A guerra entre Rússia e Ucrânia, que acontece desde final de fevereiro, pressiona os preços na Europa, incluindo o petróleo. O combustível não conta com um leque amplo de produtores e fornecedores ao redor do mundo, por isso ele deve continuar em alta.

Do lado de cá, apesar de já estarmos com a taxa de juros em patamar altíssimo, 13,25% ao ano, é esperado outro aumento de 0,5% pelo Comitê de Política Monetária na próxima reunião, prevista para a primeira semana de agosto. A se confirmar, a Selic continuará desmotivando o consumo (no objetivo de sanar a inflação), e também investimentos empresariais (encarecidos pelos financiamentos a juros elevados), produção e emprego.

As aplicações do seu plano de previdência corporativo

As aplicações financeiras realizadas pela Funsejem seguem as diretrizes da Política de Investimentos (aqui) estabelecidas para cada um dos quatro perfis de investimento, disponíveis à escolha e alteração pelos participantes a qualquer tempo.

O conservador tem um portfólio formado majoritariamente por papéis de baixo risco, pós-fixados, com rendimento próximo à Selic. Desta forma, vem acompanhando a alta de juros e acumula 5,66% no ano. Os perfis moderado, agressivo e superagressivo, com resultados respectivos de 3,69%, -0,38%, -4,37%, abrem espaço em suas carteiras para outros ativos, pois têm como metas tentar superar no longo prazo os rendimentos das aplicações conservadoras. Estes perfis, assim, destinam recursos a investimentos de maior risco e sensibilidade a crises e períodos de incertezas. São exemplos ações em bolsa de valores, muito voláteis atualmente, fundos no exterior, e papéis de inflação, que embora protejam contra a inflação, oscilam no curto prazo, por serem marcados a mercado, ou seja, por terem seu valor atualizado de acordo com o que está sendo negociado no mês em questão.

As condições atuais não alteram o comportamento dos perfis. Eles têm desempenho compatível com a sua natureza e com a performance dos mercados nos quais investe. É importante, desta forma, entender esta correlação e adequá-la àquilo que você deseja para a reserva em formação no plano, sempre sob a perspectiva de longo prazo. Para facilitar sua análise, acompanhe os boletins mensais de resultados divulgados por email e disponíveis no site (aqui) e use o simulador de perfil de investimento (aqui), com o cuidado de evitar mudanças frequentes, que geram perda patrimonial.

  • Sempre alerta!

    Quando o assunto é investimento, sua análise precisa se basear no momento pelo qual passa o mercado financeiro, nas características da aplicação, e na adequação ao seu perfil de investidor. Os desempenhos, sejam de sua carteira pessoal ou da sua modalidade de investimento no plano de aposentadoria da Funsejem, devem ser considerados apenas como referência de gestão, e não como fator determinante para sua escolha, pois resultados passados não garantem rentabilidade futura.