Na reta final

Chegamos ao último bimestre de 2022 em clima de resistência. Até o apagar da derradeira luz em dezembro é claro que o mercado financeiro se movimentará muito, deixando o fechamento do ano por ora imprevisível. Não há como, porém, não reconhecer o mérito de quem seguiu investindo, sob tanta instabilidade.

O primeiro semestre foi de uma inflação persistente, que acumulou 5,49% (IPCA de janeiro a junho). Também no início do ano, mais precisamente em 24 de fevereiro, o mundo que ainda vivia e continua a sentir os impactos da pandemia de covid-19, acordou aturdido pela guerra em curso entre Rússia e Ucrânia.

Na lógica da globalização, os reflexos vieram, afetando relações comerciais internacionais e preços de commodities, provocando crises como a energética na Europa, e acentuando outras, como a desaceleração e a recessão econômica de países-chaves na cadeia mundial.

A todas essas pedras no caminho, somaram-se para nós aqui no Brasil as expectativas e tensões em torno das eleições de deputados, governadores e presidente da República para os próximos quatro anos.

A definição dos pleitos se deu em outubro, mês encarado com um misto de receio e incógnita por parte dos analistas de investimentos. O que se viu, no entanto, foi uma forte alta da bolsa de valores B3, com 5,45% em seu principal índice, o Ibovespa, além de variações positivas nas aplicações de renda fixa, em especial os títulos públicos de inflação de curto prazo, com vencimento em no máximo 5 anos. Estes papéis renderam 1,91% (IMAB-5).

Turbilhão e complexidade

São inúmeros os fatores a afetar o desempenho de indicadores econômicos e consequentemente as aplicações financeiras.

Inflação alta, por exemplo, obriga um país a elevar a taxa de juros na tentativa de diminuir o consumo. Se por um lado o resultado é a queda de preços, por outro a medida retrai o mercado de trabalho, desencorajando contratações e expansão nos negócios de empresas que precisam tomar crédito para concretizar seus projetos.

Do ponto de vista dos investimentos, uma taxa da economia salgada impulsiona papéis atrelados a ela, os pós-fixados. De modo contrário, o mercado de ações perde brilho entre os que não veem sentido em assumir o sobe e desce de uma bolsa de valores, diante de um retorno expressivo nas águas calmas da renda fixa baixo risco.

Ao mesmo tempo, investidores estrangeiros em busca de ganhos superiores aos praticados em seus países batem à nossa porta, aplicando seus recursos em ativos que vão desde a B3 até o Tesouro Nacional. O movimento, que também compreende o sentido inverso, de retirada patrimonial, embola mais ainda um cenário financeiro de um período como o atual, um ano de inúmeros eventos, de origem interna e externa. A volatilidade nos resultados de curto de prazo torna-se, assim, inevitável.

Rentabilidade afinal

Sob tanto fogo cruzado, obter ganho real nos investimentos em 2022 é de surpreender. Ao menos nesses dez meses, no entanto, foi o que aconteceu.

De janeiro a outubro, com a taxa de juros Selic acima dos dez pontos porcentuais (13,75% hoje), os pós-fixados já acumulam 10,39%, tendo como referência os títulos públicos medidos pelo indicador IMA-S.

Na Bolsa, embora o Ibovespa tenha despencado mais de dez pontos porcentuais, por duas vezes no ano (abril e junho), o índice acumula 10,70% por enquanto.

No que diz respeito à inflação, depois de fincar uma média mensal de 0,90% no primeiro semestre, ela finalmente cedeu, ainda que sem garantias de manutenção desta trajetória descendente. De toda forma, de julho a setembro, o que se viu, na verdade, foi deflação, com variações de -0,68%, -0,36% e -0,29%, respectivamente. O resultado do ano até outubro atinge 4,70%.

Confrontando apenas estas duas grandes referências nos investimentos, a renda fixa pós-fixada, e a renda variável representada pelo mercado acionário, estamos falando de um ganho real, ou seja, de uma rentabilidade líquida, acima da inflação, na casa de 6%. Um feito e tanto.

Investimento corporativo: seu plano até aqui

Sua aplicação financeira corporativa, representada pelo plano de previdência administrado pela Funsejem, também apresenta ganho real acumulado até outubro, que varia de 2,71% a 5,48%, conforme o perfil escolhido, conservador, moderado, agressivo e superagressivo.

Ainda que não seja possível garantir esse desempenho até dezembro, é um alívio voltar a ver a inflação sendo superada pelos resultados dos investimentos. A escalada de preços, sem a devida contrapartida para anulá-la ou suplantá-la, corrói parte do esforço de quem se planeja financeiramente. A inflação, porém, não pode nos desanimar, e sim nos estimular a rever estratégias. Aumentar o tempo de poupança? A modalidade de investimento? O valor da aplicação mensal? Seja qual for o objetivo, no caso de um plano de previdência, é preciso mirar o longo prazo. É ele que, em parte, vai direcionar suas decisões.

Perfis x Inflação
  • Sempre alerta!

    Quando o assunto é investimento, sua análise precisa se basear no momento pelo qual passa o mercado financeiro, nas características da aplicação, e na adequação ao seu perfil de investidor. Os desempenhos, sejam de sua carteira pessoal ou da sua modalidade de investimento no plano de aposentadoria da Funsejem, devem ser considerados apenas como referência de gestão, e não como fator determinante para sua escolha, pois resultados passados não garantem rentabilidade futura.