Os investimentos no cenário atual

Às vésperas do primeiro turno das eleições, marcado para 2 de outubro, o mercado financeiro se movimenta com cautela em virtude das incertezas e expectativas dos investidores. Em agosto, a Bolsa de Valores B3 apresentou a segunda maior alta do ano com seu principal índice de ações, o Ibovespa, recuperando parte das perdas acumuladas nos investimentos mais agressivos. Indicadores de outros segmentos foram igualmente positivos. Fundos imobiliários avançaram 5,75% (IFIX); papéis pré-fixados, 2,05% (IRF-M); pós-fixados, 1,19% (IMA-S); e títulos de inflação, 1,10% (IMA-B). Falando nela, desde julho o registro é, na verdade, de deflação.

Mais do que nunca, o comportamento da Bolsa reforça o conceito de que o investidor de longo prazo deve entender a natureza desse tipo de investimento, sem deixar que a volatilidade no curto prazo e ciclos de baixa afetem suas estratégias na formação de sua poupança. O investidor que acredita na recuperação ao longo dos anos, tem a perseverança de aguardar a retomada de seus investimentos, evitando as perdas de curto prazo.

Passado o mês de agosto, os especialistas divergem sobre as expectativas de como será esse período eleitoral, considerando as poucas semanas que restam até a primeira votação. Especulações sobre pleitos anteriores lembraram diferentes comportamentos na B3 para o mês que antecedeu o primeiro turno de eleições presidenciais. Houve valorização de 6,58% em 2010, queda de 10,12% em 2014, e alta de 7,73% em 2018. Nos três casos, os resultados são do Ibovespa, com candidatos, posições e partidos distintos. Difícil incutir uma lógica única.

Desafios após o 2º turno

Seja qual for o resultado, impossível relaxar 100% com o término do processo eleitoral, pois o Brasil continuará tendo questões graves a enfrentar, dentre elas, o equilíbrio fiscal. Um exemplo bem simples acerca deste imbróglio, e assunto recorrente nos discursos dos candidatos, é a promessa de manutenção do Auxílio Brasil na faixa de R$ 600, sem uma definição convincente de onde sairão os recursos para que a conta seja honrada sem firulas.

Outro fator preocupante vem do mercado externo. O FED, banco central norte-americano, já afirmou que vai continuar elevando a taxa básica de juros com o objetivo de controlar a inflação por lá. A medida, justificável, tem como consequência o risco de recessão em um país capaz de impactar o mercado global.

A China, segunda maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, também atrai olhares atentos dos analistas financeiros. Adepto da política zero contra a covid-19, o governo chinês vem patinando na atividade industrial, que está em retração não só pelas medidas de enfrentamento à pandemia. O país passa atualmente por uma crise no setor imobiliário e no de energia.

Um panorama delicado é ainda observado na Europa, sob efeitos da guerra na Ucrânia. Países contrários ao conflito, que completa sete meses em setembro, impuseram sanções ao governo de Wladimir Putin. Como resposta, a Rússia tem reduzido a oferta de gás ao continente, provocando uma escalada no valor deste combustível, e na inflação de toda zona do euro.

Apesar dos recentes registros de deflação aqui no Brasil, e das revisões nas projeções do PIB (produto interno bruto) entre analistas financeiros, que avaliam crescimento, a atividade econômica atual preocupa.

Em reunião realizada na primeira semana de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) sinalizou que pode cessar o processo de alta na taxa de juros Selic. Ela, no entanto, está muito elevada (13,75% ao ano), dificultando consumo, investimentos empresariais – principalmente entre os pequenos empreendedores – e geração de emprego.

Todavia, do ponto de vista dos investimentos, ela atrai muitos investidores, pois a rentabilidade das aplicações pós-fixadas traz segurança nesse momento, visto que ela remunera o investidor com a variação da Selic. É por esse motivo que no caso dos perfis de investimento do seu plano de previdência na Funsejem, o conservador, de carteira bastante carregada nestes papéis, vem apresentando desde o final do ano passado uma média mensal de 0,9% de rendimento, tendo ultrapassado a barreira de 1% neste ano em três ocasiões: março, maio e agosto.

Os pós-fixados também estão presentes nas carteiras dos demais perfis, que têm, contudo, outros objetivos: superar com mais folga a inflação e a rentabilidade de aplicações de baixo risco. Por isso, abrem o leque a opções mais voláteis, dentre os quais fundos de ações em bolsa, câmbio, ativos no exterior e papéis ligados à variação da inflação e juros futuros.

Como este grupo de investimentos tem oscilado fortemente, o reflexo sobre os perfis é imediato. Considerando os últimos resultados de agosto, os acumulados dos últimos 12 meses estão em 10,63% no conservador, 7,76% no moderado, 2,45% no agressivo, e -2,47% no superagressivo, que é o mais exposto ao segmento de ações. Os índices Ibovespa e o IBrX despencaram no período, amargando -7,79% -8,18%, respectivamente. Os perfis agressivos só não tiveram performance pior exatamente por contarem, em grau menor, com aplicações de renda fixa. Tanto os pós-fixados, como os papéis de inflação de curto prazo (IMAB5) variaram por volta de 10%.

De olho no futuro

Nunca é demais reforçar que o olhar sobre investimentos com foco na aposentadoria deve ser de longo prazo. Neste sentido, basta observar recortes maiores de tempo, como o intervalo de 5 anos, no qual os mesmos perfis se apresentam de outra maneira: 35,82% no conservador, 41,99% no moderado, 40,67% no agressivo e 40,76% no superagressivo.

Tirando aqueles que estão prestes a sacar seus recursos no plano, seja em forma de resgate ou aposentadoria, e os que não têm pré-disposição às oscilações de resultados de curto prazo, a instabilidade atual não é necessariamente ruim. Mas é fundamental certificar-se disso, por meio de uma análise pessoal dos fatores em questão: momento de usufruir seu patrimônio, e propensão a assumir riscos e suas consequências.

Na dúvida, faça uma simulação na área de Educação Financeira do site da Funsejem, leia mais sobre as características e composição de cada perfil (aqui). Se ao final, entender que é preciso mudar de perfil, basta acessar sua conta individual no site, e pedir a alteração por lá. Seu novo perfil entra em vigor de um a no máximo dois meses. Depois disso, siga acompanhando as análises da Fundação, dentre outros meios. As trocas frequentes de perfil não são recomendáveis, mas os objetivos de um investidor mudam de tempos em tempos e é natural, além de necessário, se adequar a eles.

  • Sempre alerta!

    Quando o assunto é investimento, sua análise precisa se basear no momento pelo qual passa o mercado financeiro, nas características da aplicação, e na adequação ao seu perfil de investidor. Os desempenhos, sejam de sua carteira pessoal ou da sua modalidade de investimento no plano de aposentadoria da Funsejem, devem ser considerados apenas como referência de gestão, e não como fator determinante para sua escolha, pois resultados passados não garantem rentabilidade futura.