O mundo aguarda ansiosamente uma vacina contra a covid-19. Mas enquanto isso, outras doenças correm o risco de retornarem a circular no Brasil por conta da baixa adesão à imunização. “O país, que tinha orgulho do êxito do seu Programa Nacional de Vacinação (PNI) com taxas de coberturas vacinais elevadíssimas, agora passa por uma queda progressiva na adesão à vacinação, principalmente a infantil, desde 2016”, revela a médica pediatra e especialista em pneumopediatria Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
A invenção das vacinas, juntamente com as medidas de saneamento básico, significou uma revolução na saúde e na história da humanidade, protegendo a população de uma série de doenças como o sarampo, tétano neonatal, a diarreia por rotavírus, poliomielite, varíola e síndrome da rubéola congênita. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3 milhões de vidas são salvas todos os anos por conta da imunização.
No Brasil, o PNI garante o acesso gratuito a 19 vacinas, que protegem contra mais de 40 doenças desde o nascimento até acima de 60 anos.
“No entanto, por uma série de fatores, as pessoas estão deixando de vacinar seus filhos, de se vacinar e estamos com um surto de sarampo, de febre amarela em alguns locais mais vulneráveis, e outras doenças erradicadas ou minimamente controladas podem voltar a atingir a população”, destaca Mônica. “A baixa adesão à vacinação não coloca em risco somente as crianças que possuem sistema imunológico menos desenvolvido no primeiro ano de vida, mas também todas as pessoas, pois o problema não está apenas em adoecer, mas sim em transmitir a doença para o restante da população.”
A médica considera que a pandemia de covid-19 interfere nesse cenário também, principalmente porque quando a quarentena estava mais rigorosa o Ministério da Saúde chegou a suspender a vacinação infantil por três semanas. Mas agora as Unidades Básicas de Saúde (UBS) já voltaram a vacinar regularmente e cumprindo todos os protocolos de segurança. “As pessoas estão confusas, com medo de contrair a covid-19 e com isso deixam de se vacinar ou levar os filhos para atualizar a carteirinha de vacinação.
“Recomendamos para que os pais voltem a levar os filhos para serem vacinados e para que a população atualize a carteirinha. É o momento de retornar à importância da vacinação. Se não, além da covid-19, outras doenças vão acabar nos atingindo e piorando ainda mais a situação da pandemia.”
As pessoas costumam associar a vacinação apenas a bebês e crianças. Porém, existe recomendação de vacinação para todas as fases da vida. “O calendário de vacinação tem vacinas para bebês, crianças, adolescentes, adultos, idosos, além de recomendações específicas para gestantes e indivíduos portadores de doenças crônicas ou imunodeprimidos”, explica a pneumopediatria.
A diretora da SBIm também lembra que além das vacinas gratuitas oferecidas pelo PNI, é possível expandir a proteção por meio de vacinas que são ofertadas na rede privada, isto é, em clínicas ou hospitais. “Por exemplo, aos 3 meses de vida, é recomendado no PNI a vacinação contra a meningite e meningococcemia por meio da vacina Meningocócica C Conjugada. No setor privado, é possível encontrar também a Meningocócica ACWY e a Meningocócica B, duas vacinas mais abrangentes do que a ofertada no Programa Nacional de Imunização.”
Além disso, várias vacinas, sejam as disponibilizadas na rede pública ou privada, são aplicadas em mais de uma dose, ou seja, vai ser necessário ir ao posto de saúde ou clínica mais de uma vez. “Precisamos lembrar que somente com o esquema vacinal completo, incluindo as doses de reforço, será possível obter a máxima proteção. A vacinação traz tanto a proteção individual quanto a coletiva. Pense nisso!”, orienta Mônica.
Veja o calendário básico de vacinação definido pelo PNI e atualize a carteirinha!