Comitê de Investimentos: o trabalho de formiga nos bastidores

Muito além dos resultados. Em pouquíssimas palavras, este é o papel do Comitê de Investimento da Funsejem. O órgão, de fundamental apoio à Diretoria, há 10 anos assessora a entidade na avaliação de desempenho dos bancos gestores, definição de estratégias para os perfis de investimento, monitoramento das regras e limites de aplicação, dentre outras responsabilidades.

O trabalho é grande, como explica um dos integrantes do Comitê, Raul Almeida Cadena, diretor financeiro da Votorantim Energia de 2014 a 2021, e atual diretor de Clientes e Comercialização da empresa. Ao mesmo tempo, o Comitê o motiva e o desafia, em especial neste momento de instabilidade econômica.

“Milhares de vidas contam com o investimento da Fundação para ter uma aposentadoria mais saudável no futuro” diz ele, pontuando a importância do Comitê. Confira a entrevista na íntegra a seguir.

Raul Almeida Cadena.
Raul Almeida Cadena.

O papel do Comitê de Investimento

De forma geral, eu diria que o papel do Comitê de Investimento é de bastante responsabilidade, porque cuidamos, no longo prazo, do patrimônio de todo mundo que investe na Funsejem, e que hoje soma R$ 1,7 bilhão (abr/21).

Um dos nossos objetivos é trabalhar com os gestores de investimentos, que são os bancos que nos apoiam, na definição das estratégias que mais possam se encaixar com o momento econômico do país e com os perfis de investimentos da Funsejem. Ou seja, como a gente se adequa dentro dos limites e características dos perfis para conseguir o retorno financeiro estabelecido pela meta de rentabilidade de cada um, e que chamamos de benchmark.

No plano da Funsejem, nós temos perfis que vão do conservador até o superagressivo e cada um tem uma estratégia muito bem definida. O desafio é manter estas estratégias funcionando de modo consistente. A gente não pode colocar no perfil conservador investimentos mais arriscados. De modo contrário, no superagressivo, eu não posso ter uma carteira conservadora, porque quem investe nele está esperando retornos de acordo com os investimentos mais arriscados.

Monitorar e supervisionar: garantia de segurança

Além dessa linha mestra que nos guia, representada por esse trabalho de administrar as estratégias dos perfis, tendo como pano de fundo o momento do Brasil, tem uma vertente que eu considero fundamental, que é o compliance.

Em outras palavras, precisamos assegurar que todos os investimentos realizados pelos gestores têm seus limites de risco, de liquidez, dentre outros, respeitados, e estão dentro das regras que estabelecemos.

É a Política de Investimento que determina o que pode ou não ser feito pelo gestor. E como são centenas, milhares de investimentos em fundos, com estratégias diferentes, precisamos garantir que na somatória geral está tudo em compliance com os indicadores e limites da Política. Dedicamos uma atenção especial para supervisionar essas questões e prestamos conta dessa supervisão ao Conselho Deliberativo da Fundação.

O bate-bola do Comitê na prática

Na média, o Comitê de Investimentos se reúne de cinco a sete vezes no ano. É um comitê diverso, formado por representantes das empresas patrocinadoras, o que é rico porque agrega experiências e pessoas diferentes, mas com conhecimento em investimentos e muita afinidade em gestão de riscos. Nas nossas discussões, por exemplo, nunca falamos só de retorno. É sempre retorno associado ao nível de risco, impossível separar, do contrário não se consegue respeitar as estratégias dos perfis.

Essa questão da aderência estratégica ficou muito evidente no ano passado. A grande diferença de 2020 versus alguns anos anteriores é que ele foi muito mais imprevisível, em função da pandemia que afetou de forma repentina a economia local e internacional. E em um ano com mais imprevisibilidade e mais risco, torna-se mais importante ainda estar 100% aderente aos objetivos de risco e retorno de cada perfil.

Essa foi nossa preocupação adicional em 2020 e está sendo agora em 2021, porque no final do ano, o participante que é conservador não quer ver a carteira dele indo para o negativo. O rendimento dele, mesmo baixo, tem que ser positivo, atrelado à taxa básica de juros da economia Selic, ao CDI. Já com o participante superagressivo é o contrário, se a Bolsa sobe e o perfil não sobe junto, ele vai se perguntar o que está acontecendo.

Educação financeira é fundamental

O participante tem que saber e conhecer o perfil em que está, precisa ser educado para isso. A Funsejem divulga bastante o quanto renderam os perfis, qual foi o desempenho da Bolsa etc. para que as pessoas não sejam pegas de surpresa.

Nós temos certos limites a trabalhar em cada perfil, para ajustar e buscar retornos superiores ao benchmark de cada perfil, sempre observando os limites da Política. Mas não podemos mexer demais nestes limites.

As perspectivas para 2021 são um pouco melhores que as do ano anterior em alguns setores da economia. As vacinas estão vindo, aos poucos estão imunizando a população, mas nossa estratégia continuará sendo a mesma, a de se ater ao máximo ao foco dos perfis.

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De olho na migração de perfis

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Nos períodos de instabilidade e crise, você vê uma migração grande de participantes saindo do perfil superagressivo para o moderado, e algumas alterações inversas. É normal, mostra as pessoas querendo aproveitar uma valorização maior ou reduzir e se proteger de prejuízos. Mas é fundamental tornarmos essas decisões e escolhas conscientes.

A faixa etária também precisa ser analisada. Se você está próximo da aposentadoria ou ainda tem muitos anos de trabalho pela frente ainda, precisa adequar seu perfil ao momento de vida. Também é importante as pessoas conhecerem qual o seu grau de tolerância à volatilidade dos rendimentos. Em resumo, educação financeira e autoconhecimento são fundamentais.

O Comitê e as demais instâncias

A Diretoria participa de todas as discussões do Comitê e isso faz com que ela já saia alinhada das reuniões e faça o reporte das principais orientações ao Conselho Deliberativo, que é o órgão máximo de decisão e deliberação da Funsejem. É da Diretoria também que a gente recebe parte dos relatórios de resultados que suportam nossas análises.

Contamos também com o apoio de uma consultoria especializada, a Aditus, que nos apoia em todas as reuniões no monitoramento do compliance, e da performance dos investimentos. Como é uma empresa independente, não fica só a Funsejem analisando e decidindo dentro de casa. É um aspecto importante de compliance ter um terceiro assessorando o Comitê e a Diretoria.

O Comitê e os bancos

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De tempos em tempos, também temos a presença dos bancos gestores das nossas carteiras apresentando o ambiente macro e estratégico na visão de cada um deles, e prestando conta sobre os resultados. É um momento então em que discutimos se estamos indo bem, como está o desempenho comparado com a meta, e o que será feito para melhorar. Com a visão dos bancos, da consultoria e a nossa, formamos um consenso, e damos um direcionamento macro para os bancos. São dessas reuniões então que saem as estratégias de ajustes dos portfólios.

E uma vez por ano, mais ao final, temos uma reunião para um debate mais abrangente, profundo, e bem assessorado a respeito do ano seguinte. É quando falamos de fronteira eficiente dos investimentos, de risco e retorno dos portfólios das carteiras, avaliando, por exemplo, a necessidade de mudança de alocação de renda fixa e variável dentro dos perfis.

Atuação intensiva e gratificante

No papel da Diretoria Financeira da Votorantim Energia, onde atuei até o mês passado (Cadena agora está na Diretoria de Clientes e Comercialização), é preciso estar bastante atento ao cenário macroeconômico porque ele afeta o negócio da empresa. Eu acompanho bastante o mercado financeiro, jornais, revistas especializadas, artigos. Ainda assim, integrar o Comitê de Investimentos da Funsejem demanda mais acompanhamento, dedicação e tempo. Mas é muito gratificante.

Um dos motivos é poder contribuir para um público maior. Milhares de vidas contam com o investimento da Fundação para ter uma aposentadoria mais saudável no futuro, então é gratificante tentar ajudar a melhorar o rendimento para quando essa população se aposentar. É uma função de responsabilidade.

Tem também o lado de poder contribuir com a Votorantim para além da empresa para qual trabalho. Tenho orgulho de trabalhar com pessoas de outras empresas da Votorantim, e poder contribuir para os funcionários de todas as empresas é bem bacana.

O terceiro motivo é que eu gosto do mundo dos investimentos. Ali no Comitê você está respirando esse negócio, essa sensação de participar e contribuir me motiva. E o clima é agradável, construtivo, todo mundo dá ideias em um ambiente aberto, a gente sempre chega a um consenso de maneira bem profissional.

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Sobre o Comitê de Investimentos

O Comitê de Investimentos é um órgão de assessoramento da Funsejem que supervisiona os investimentos da entidade, apoia a Diretoria na contratação de bancos gestores, na elaboração da Política de Investimento, na definição de estratégias e limites de alocação.

O Comitê conta normalmente com três integrantes. Além de Raul Almeida Cadena, Gabriel Mancini, da Nexa compõe o atual Comitê. Um terceiro integrante está sendo nomeado nas próximas semanas. Para acessar a relação completa de dirigentes de todos os órgãos administrativos da Funsejem, clique aqui.

  • Sempre alerta!

    Quando o assunto é investimento, sua análise precisa se basear no momento pelo qual passa o mercado financeiro, nas características da aplicação, e na adequação ao seu perfil de investidor. Os desempenhos, sejam de sua carteira pessoal ou da sua modalidade de investimento no plano de aposentadoria da Funsejem, devem ser considerados apenas como referência de gestão, e não como fator determinante para sua escolha, pois resultados passados não garantem rentabilidade futura.