Ultimamente, quem tem o celular roubado ou furtado não precisa lidar apenas com o prejuízo material da perda do aparelho, mas com o transtorno de ter informações e senhas valiosas nas mãos de bandidos, uma vez que os ladrões encontram nos dispositivos a oportunidade de colocar em prática uma série de golpes financeiros.
Somente no estado de São Paulo, 42 celulares são furtados ou roubados a cada hora. De acordo com Andrew Martinez, especialista em cibersegurança e CEO da HackerSec, edtech que capacita pessoas em cibersegurança, há uma lista de ações para se proteger em caso de roubo ou furto de celular.
“A primeira coisa é você utilizar senha nos aplicativos que permitem esse mecanismo de proteção. Tem aplicativos que já vem com essa opção, um deles é o WhatsApp. Você consegue ativar uma senha para entrar, inclusive pode configurar de quanto em quanto tempo a senha será exigida. Então, se a pessoa for roubada com o celular desbloqueado, quando o ladrão for entrar no WhatsApp vai pedir a senha. É um processo chato para acessar no dia a dia, mas é uma camada a mais de segurança”, orienta.
Outra medida para proteger os dados do celular é utilizar a autenticação de dois fatores, que pode ser ativada em contas on-line. Também conhecida pela sigla em inglês 2FA, que significa two-factor authentication, o recurso insere uma segunda verificação de identidade do usuário no momento do login, evitando o acesso às contas mesmo quando o celular for roubado. A funcionalidade está presente nos principais sites e aplicativos atuais, como Google, Facebook, Instagram, Amazon, Dropbox, PayPal e Mercado Livre. Cada plataforma oferece diferentes métodos de verificação, que podem compreender códigos SMS, dispositivos de token e biometria, por exemplo.
“O importante é que a autenticação de dois fatores esteja vinculada a um aplicativo de autenticação e não ao número do aparelho que a pessoa utiliza, pois se estiver registrada nesse número e o celular for roubado, não será possível recuperar as contas ou alterar as senhas para que o ladrão não tenha acesso aos dados, explica Andrew. “O Google Authenticator e Microsoft Authenticator são soluções muito boas. Por mais que o app esteja no celular, o usuário recebe códigos reservas para acessar o Facebook, Instagram, Google, etc., com isso, é possível recuperar a conta e mudar o método de autenticação. Fica um alerta: se você for mudar de celular é preciso migrar esses códigos para o novo aparelho antes de desinstalar o app de autenticação para não perder o acesso as contas que estão vinculadas a ele.”
Outro passo importante é ativar a localização do aparelho por meio do serviço Find my Device (Android) ou Find my iPhone (Apple). Com essa alternativa, é possível bloquear o celular roubado e apagar todo o conteúdo à distância – basta logar com o e-mail e senha na conta por meio de um computador ou outro dispositivo com acesso à internet.
Também é recomendável ter anotado o IMEI do celular (número de identificação encontrado na parte de trás do aparelho) em um arquivo na nuvem ou até mesmo em um papel que possa ser consultado rapidamente, pois o número deve ser informado à operadora de telefonia para que seja realizado o bloqueio da linha telefônica. “Nunca salve senhas no bloco de notas no celular. Utilize apps seguros, como o Google Drive ou o iCloud, que solicitam uma senha para que a pessoa tenha acesso às suas senhas”, alerta Andrew.
O especialista também recomenda criptografar o smartphone. Praticamente todos os modelos atuais trazem criptografia no próprio sistema, independentemente da marca, não sendo necessário instalar um aplicativo externo, basta habilitar a criptografia disponibilizada pelo próprio sistema operacional do aparelho celular. A localização exata desta configuração varia de modelo para modelo, mas geralmente se encontra no menu de segurança.
Fui roubado, o que fazer?
Procure um lugar seguro para acessar um computador ou outro celular para mudar a senha do seu e-mail. Não espere voltar para casa. Caso o celular esteja desbloqueado, o bandido pode usar o recurso de redefinição de senha disponível no aplicativo do banco ou dos apps de e-commerce. Nesse caso, o link para trocar a senha é enviado para o e-mail da vítima ou por SMS, que também estão no aparelho roubado.
Acesse o serviço Find my Device (Android) ou Find my iPhone (Apple) para bloquear o celular e apagar todo o conteúdo.
Entre em contato com a operadora de telefonia para bloquear o IMEI e com o banco para bloquear senhas dos aplicativos bancários e de seus cartões.
Troque as senhas de outros aplicativos que envolvam transações financeiras, como lojas virtuais, aplicativos de entrega e de transporte, por exemplo.
Faça o boletim de ocorrência. Em alguns estados, é possível registrar o BO de forma on-line.