Dica infalível para investir em 2024: comece com pouco, simplifique e automatize

No cenário econômico atual, repleto de desafios e incertezas, investir pode parecer uma tarefa complexa. Para contradizer essa ideia, trazemos mais uma edição da nossa série com dicas infalíveis de educadores financeiros. Dina Prates, educadora financeira, reforçou que não há uma fórmula mágica, mas estratégias que auxiliam na proteção e crescimento do patrimônio. Flávio Dornelas Mota, assessor de investimentos, encoraja a tirar os planos do papel e iniciar os investimentos. Já Paula Kologeski, consultora e educadora financeira, recomenda que antes de aplicar o dinheiro é essencial investir em conhecimento. Para Alex Machado, administrador, professor e educador financeiro, o ponto de partida para qualquer investidor é a educação financeira.

Nesta matéria, compartilhamos a visão de Luciana Pavan, especialista em Economia Comportamental pela London School of Economics e fundadora dos “90 Segundos de Finanças“, um canal no YouTube que já conta com mais de 100 mil visualizações. Ela nos traz uma abordagem prática e eficiente para quem deseja começar a investir, mesmo que com poucos recursos, e de forma descomplicada.

Segundo Luciana, muitos adiam o início nos investimentos por acreditarem que não possuem dinheiro suficiente ou acharem o processo muito complicado. Ela, no entanto, desmistifica essa percepção: “A minha dica é: comece com pouco, no simples, e automatize.”

Como começar?

Luciana recomenda que o primeiro passo seja dado com pequenos valores: “Existem investimentos em que o depósito inicial pode ser R$ 30, R$ 50 ou R$ 100. Então comece por aí. Invista um pequeno valor e ‘esqueça’ que ele existe (se não houver uma emergência, claro).” A ideia é que, ao investir um montante acessível, o investidor cria o hábito de aplicar de forma contínua, sem que isso interfira em suas despesas diárias.

A especialista também sugere a escolha de produtos de baixo risco e alta liquidez, ou seja, investimentos em que as chances de perda são pequenas e que permitem o resgate do dinheiro com rapidez, caso necessário.

A importância de automatizar

Um dos pontos mais importantes da dica de Luciana é a automação. Ela acredita que agendar transferências automáticas para a conta de investimentos é uma estratégia que evita gastos impulsivos e assegura que o hábito de investir seja mantido. “Agende as transferências para o dia seguinte ao recebimento do seu salário. Escolha um valor que sabe que vai sobrar e configure a recorrência mensal. Assim, todo mês o seu dinheiro vai sair da sua frente, e você não corre o risco de gastá-lo com bobagens,” aconselha Luciana.

Para ser uma dica infalível, Luciana se apoia em experimentos de Economia Comportamental, que mostram que pessoas que retiram o dinheiro “de vista” assim que o recebem, tendem a investir mais. Ela também menciona que a teoria do Sistema Dual, descrita por Daniel Kahneman, é uma excelente base para entender como decisões automatizadas podem beneficiar o investidor. “A dica é infalível porque está em linha com a teoria de Sistema Dual de Daniel Kahneman. A maneira rápida de pensar é responsável por 95% das nossas decisões. Então, precisamos facilitar o máximo possível as ações, para que elas se tornem um hábito”, explica.

“A dica comece com pouco, no simples e automatize é um ótimo exemplo de como podemos facilitar decisões de investimento e, portanto, é infalível para 2024, 2025, 2026… para a sua vida.”

Para quem já investe

Mesmo para quem já tem experiência no mercado de investimentos, Luciana acredita que sua dica pode ser útil. O fator comportamental, segundo ela, é fundamental para manter a disciplina de investir regularmente. Automatizar as transferências contribui para garantir a consistência dos aportes e o aumento gradual do capital investido.

A importância da educação financeira

Luciana também reforça o papel da “educação e consciência financeira” na construção de um futuro mais seguro e próspero. Ela destaca que a saúde financeira está diretamente conectada com outros aspectos de nossa vida, como a saúde mental e física. “Saúde financeira deixou de ser um assunto isolado e passou a ser visto em conjunto com outros aspectos da nossa saúde”, ressalta.

Segundo a especialista, que se apoia em uma pesquisa recente do Serasa, o impacto que a saúde financeira tem em diversos aspectos da vida é significativo. O estudo revelou que problemas financeiros afetam diretamente a saúde mental: “80% dos entrevistados revelaram ter picos de estresse. Em relação à saúde física, 79% dos entrevistados relataram cansaço ou desânimo frequente, e 75% disseram sofrer de insônia. Nos relacionamentos interpessoais, 72% dos entrevistados afirmaram se sentir mal por precisar pedir dinheiro emprestado a pessoas próximas, 69% evitam conversar sobre dinheiro e 61% se isolam dos amigos. No ambiente profissional, 76% dos entrevistados disseram trabalhar focados apenas nas contas a pagar, e outros 76% afirmaram que passam grande parte do tempo em estado de preocupação.”

Com esses dados em mente, Luciana reafirma a importância de atitudes simples e consistentes para melhorar a saúde financeira pessoal. Sua dica infalível — começar com pouco, escolher produtos simples e automatizar as transferências — se mostra uma estratégia prática e eficaz para reduzir o estresse relacionado às finanças e criar uma base sólida para o futuro. Automatizar o processo não só evita o impulso de gastar o dinheiro com outras coisas, mas também ajuda a manter a disciplina. Dessa forma, ao aplicar essas medidas, qualquer pessoa pode construir um futuro financeiro mais equilibrado e próspero, um passo de cada vez.

“Desde 2016 trabalho com finanças pessoais e cada vez mais vejo a importância do lado psicológico e comportamental em relação ao dinheiro. Sempre digo que uma pessoa que se comporta mal quando ganha R$ 1.000 vai continuar assim quando ganhar R$ 10 mil ou R$ 100 mil. No fundo, o número não importa, e sim o seu comportamento perante o dinheiro.”