No início de agosto, o anúncio do nome da moeda virtual do Brasil, o Drex, gerou muitas dúvidas sobre o Real digital. Por isso, o Futuro On-line conversou com a professora de Economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), Nadja Heiderich, para esclarecer o que é e como vai funcionar a primeira moeda virtual oficial do país.
“O Drex pode melhorar o sistema financeiro do Brasil, pois ajudará a aumentar a inclusão financeira, bem como tornar os pagamentos e transferências mais rápidos, seguros e eficientes”, afirma a professora. “Como a moeda digital é baseada na tecnologia blockchain – mecanismo que funciona como se fosse um livro contábil registrando as transações dos usuários de forma confiável e imutável –, o Drex será mais eficiente do que as moedas físicas e as criptomoedas, pois poderá ser usado para pagamentos e transferências financeiras de forma rápida e fácil, sem a necessidade de a pessoa ter conta bancária ou cartão de crédito.”
O que é o Drex
O Drex é a primeira moeda digital regulada do Brasil e será emitida pelo Banco Central (BC), funcionando como um Central Bank Digital Currency (CBDC, Moeda Digital de Banco Central, na sigla em inglês), podendo ser usada para pagamentos e transferências financeiras de forma rápida e segura. Desta forma, o Drex será a representação digital do Real, tendo o mesmo valor do Real que está em sua conta corrente do banco, na carteira ou porta-moedas. “Qualquer brasileiro vai poder utilizar o Drex, pois será uma moeda digital universal”, destaca a professora Nadja. “Ele poderá ajudar as pessoas que não têm acesso a serviços bancários a enviar e receber dinheiro, assim como auxiliar quem vive em países com economias inseguras a proteger seu dinheiro.”
Nesse sentido, a professora de Economia destaca que o Drex não é uma forma de Pix. O Pix é um sistema de pagamento instantâneo, enquanto o Drex é uma moeda digital que vai permitir mais inovações financeiras no ambiente virtual, digitalizando cada vez mais a economia brasileira. Além disso, o Drex também não é uma criptomoeda. “Apesar de ser originada pelo mesmo princípio das criptomoedas, o blockchain, a principal diferença entre o Drex e as criptomoedas é a regulamentação e o controle. Enquanto o Drex é uma moeda digital emitida pelo Banco Central do Brasil, as criptomoedas são moedas digitais criadas por empresas privadas”, explica Nadja. “Desta forma, o Drex é mais seguro e confiável do que as criptomoedas, pois será garantido pelo governo brasileiro.”
No entanto, o Drex também pode apresentar algumas desvantagens no futuro, alerta a professora de economia. Uma delas é que a moeda digital pode ser mais vulnerável a ataques cibernéticos do que as moedas físicas. “Outro ponto de atenção é a privacidade porque todas as transações realizadas com o Drex ficarão registradas no livro-razão público, o blockchain, então ainda é preciso ser verificado como a privacidade e o sigilo das operações financeiras serão garantidos”, considera Nadja.
A expectativa é de que a moeda digital possa ser usada pelos brasileiros até o fim de 2024. Por ora, o BC está realizando diversos testes com a participação de instituições financeiras e empresas de vários segmentos. Os testes buscam avaliar o funcionamento da infraestrutura e da privacidade das transações do Drex.
O Drex na prática
A moeda digital brasileira poderá ser acessada por meio de uma carteira digital, que estará sob a custódia de bancos ou instituições financeiras autorizados pelo BC.
O Drex vai permitir a realização de diversas transações financeiras de forma segura e rápida, como a aquisição de bens imóveis e veículos, empréstimos e até investimentos em títulos públicos, com o registro automático das operações (inclusive relacionadas ao registro de propriedade pertinente), reduzindo a necessidade de intermediários e custos. Clique aqui e assista a um vídeo do BC que explica essa facilidade na prática.
Cada R$ 1 equivalerá a 1 Drex,
pois o BC vai manter a paridade
entre o Drex e o Real.
Essas e outras novidades com a criação do Drex devem ficar disponíveis para os brasileiros até o fim de 2024.
Nadja Heiderich é doutora em Ciências (Economia Aplicada) na Universidade de São Paulo (USP). Possui mestrado em Ciências (Economia Aplicada) também pela USP. Graduada em Ciências Econômicas pela Fecap. Atualmente, é professora no Centro Universitário Fecap e coordenadora do Necon Fecap (Núcleo de Estudos de Conjuntura Econômica). Tem experiência na área de economia, com ênfase em Economia Aplicada, atuando principalmente nos seguintes temas: meio ambiente, modelagem matemática, logística e agronegócio.