Dúvidas sobre gestão financeira

Soraia Mendonça, educadora financeira, mentora empresarial e cientista contábil, afirma que um dos principais equívocos das pessoas é acreditarem que é preciso entender de matemática e ter familiaridade com números para fazer a gestão financeira.

“Finanças é 98% comportamento e 2% cálculo. Para facilitar esses 2%, você pode utilizar Excel, calculadora ou aplicativos, o que funcionar para te ajudar a organizar os números. Agora os 98%, que é a parte comportamental, é você com você. É preciso ter a coragem de se olhar e verificar o porquê você gasta além do que ganha, não consegue atingir seus objetivos e realizar sonhos. Fazer ou não o controle das finanças é uma escolha com o que você vai se preocupar: a gente escolhe se preocupar com o controle financeiro ou com os resultados de não ter o controle financeiro.”

A educadora financeira explica que exercitar o controle, isto é, a organização financeira traz mais liberdade na hora de tomar decisões.  É possível fazer um planejamento e viver de forma saudável tanto financeiramente quanto com bem-estar físico e mental. “Confesso que sempre fui uma pessoa que valoriza a liberdade e quando ouvia falar sobre controle financeiro, eu já pensava que seria algo para me controlar. Mas descobri o contrário quando eu comecei a estudar a educação financeira, pois eu entendi que tendo o controle financeiro, eu faria escolhas certas e com os pés no chão sem prejuízos no futuro”, conta. “Quando você está sem planejamento e prioridades financeiras, você olha a sua conta e vê que sobrou R$100, mas não sabe o que fazer com esse dinheiro. Por isso, eu adoro fazer o meu planejamento, pois coloco todos os meus sonhos e metas para o futuro. Com ele, posso traçar a rota para chegar nesses objetivos. É importante ter metas muito bem definidas e que sejam de fato prioridades para você. Porque, senão, qualquer desejo vai fazer você sair do plano e gastar ao invés de direcionar o dinheiro para sua prioridade financeira. Além disso, o planejamento te ajuda a saber o que fazer caso você tenha algum imprevisto no meio do caminho, analisando como retrilhar a rota para que o planejamento seja seguido e o objetivo seja alcançado.”

Fazendo o controle financeiro

Para começar o controle financeiro, Soraia indica utilizar desde o velho e bom caderninho, até o Excel ou os aplicativos de celular. É preciso escolher o método que melhor funcione para você porque isso ajuda a construir o hábito de conhecer, organizar e controlar as finanças. Mas eu preciso anotar tudo?

“Sim, desde o pão que você compra todos os dias para tomar café da manhã, até os R$2,00 que dá para o ‘flanelinha’ que olha o seu carro, assim como as contas e dívidas grandes”, explica.

“Tem aplicativos que permitem vincular o cartão de crédito e isso faz com que você consiga refletir e traçar uma estratégia quando ultrapassar o seu orçamento, por exemplo. Por isso, não basta apenas anotar, é preciso observar o comportamento, refletindo porque está gastando além do limite ou mais do que se ganha e até comprometendo o salário antes de recebê-lo.”

Contar com os ovos que ainda estão dentro da galinha

Um indício de que você não está gerenciando bem o dinheiro é comprometer o salário antes mesmo de recebê-lo. “Muita gente acredita que quando é celetista (empregado CLT) o salário está garantido. Mas não está. O que está garantido é o que já aconteceu, o que está por vir é uma previsão. Logo, comprometer o salário antes de recebê-lo é uma armadilha. Na verdade, a forma correta é ganhar primeiro para poder gastar. Um salário que eu recebo hoje não pode estar comprometido com as contas do mês que vem, ele tem que estar comprometido com o que já passou”, orienta a educadora financeira.

Outro sinal de descontrole financeiro é gastar mais do que se ganha. Se frequentemente você chega ao final do mês sem dinheiro, isso é um sinal de que você gasta mais do que ganha e esse comportamento pode levar a uma consequência nada agradável: ao endividamento. Para evitar esse problema, é preciso conhecer muito bem o quanto você ganha e quanto sai do orçamento mensalmente. Assim, é possível equilibrar a balança fazendo com que os gastos sejam menores do que os ganhos. “O meu calcanhar de Aquiles, por exemplo, são sapatos. Se me deixar no automático, eu compro sapato para 10 milhares de pés. Então é preciso observar qual o buraco você está querendo tapar com o sapato ou qualquer outro item que está comprando sem realmente precisar. Lembre-se de que a gestão financeira é 98% comportamento e 2% matemática. Tanto comprometer o salário antes de receber quanto gastar mais do que se ganha está completamente ligado ao seu comportamento. Por isso é importante registrar e analisar suas movimentações financeiras. O registro das movimentações financeiras traz controle, a possibilidade de planejamento e saúde para o seu orçamento.”

Planejar o futuro

Além da saúde financeira, organizar as finanças permite que você faça o dinheiro trabalhar para si. É isso mesmo. “Você coloca o dinheiro para trabalhar para você por meio de investimentos”, afirma Soraia. “Com isso, ele vai render e se multiplicar, trazendo qualidade de vida no presente e no futuro. Investir não deveria ser algo opcional e sim obrigatório, ensinado para todo mundo desde bebê. O investimento é importante porque você começa a entender sobre merecimento. Eu invisto, logo o dinheiro trabalha para mim, ele rende e eu sou um merecedor de muitos frutos.”

Podcast Funsejem

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