Março Azul-Marinho: vamos falar de câncer colorretal

O mês de março é conhecido pela cor azul-marinho em conscientização ao câncer colorretal, o terceiro tipo mais comum no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). “A campanha global visa chamar a atenção da sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer colorretal (intestino), assim como difundir informações sobre toda a jornada da doença”, destaca Luciana Holtz, psico-oncologista, especialista em bioética, fundadora e presidente do Instituto Oncoguia, ONG e portal informativo voltado para a qualidade de vida do paciente com câncer, seus familiares e público em geral. “Atualmente, tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei 5.024/2019, que pretende tornar março como o mês de conscientização sobre o câncer colorretal, além de estabelecer que o governo federal realize campanhas informativas sobre a enfermidade. O PL já foi aprovado pelo Senado.” 

O que é o câncer colorretal

Trata-se do câncer do intestino grosso, também chamado de câncer de cólon e reto (região final do trato digestivo e anterior ao ânus), câncer colorretal ou câncer de intestino. “A nomenclatura abrange os tumores que surgem no intestino e na região do reto. Em 90% dos casos, esse tumor se origina a partir de um pólipo adenomatoso que surge na parede do órgão e, ao longo dos anos, sofre alterações progressivas em suas células”, explica Luciana. “A parede do cólon e do reto é composta de várias camadas e o câncer, normalmente, começa na camada mais interna (mucosa) e pode crescer através de uma ou todas as camadas. Geralmente ocorre em pessoas acima de 50 anos, podendo ou não apresentar sintomas, mas também é observado em jovens.”

A incidência da doença em jovens com menos de 45 anos tem aumentado desde meados de 1990 e segundo a American Cancer Society (ACS), a incidência do câncer de intestino entre pessoas de 20 a 39 anos está relacionada ao estilo de vida dessa população mais jovem. “Não é apenas a falta de exames preventivos, mas, em especial o excesso de peso corporal, a alimentação não saudável, ou seja, rica em alimentos ultraprocessados e pobre em frutas, vegetais e outros alimentos que contenham fibras; o tabagismo e o consumo de álcool que contribuem para aumentar o risco de uma pessoa desenvolver câncer colorretal”, aponta a psico-oncologista.

Entretanto, a obesidade, o sedentarismo, uma dieta rica em carnes vermelhas e pobre em fibras, o tabagismo, o alcoolismo não influenciam apenas o desenvolvimento da doença em pessoas mais jovens, também são fatores que podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver câncer colorretal ao longo da vida, principalmente após os 50 anos. De acordo com o Radar do Câncer, 80% dos pacientes de câncer de cólon e reto têm mais de 50 anos. “Estar acima do peso aumenta o risco de câncer colorretal e esse risco parece ser mais importante em homens. A doença também tem sido associada ao consumo excessivo de álcool. Portanto, limitar o consumo de bebidas alcoólicas a 2 doses por dia para homens e 1 dose por dia para mulheres pode ter muitos benefícios para a saúde, incluindo um menor risco de câncer colorretal. Importante ressaltar que não há dose segura para o consumo de álcool e mesmo a ingestão reduzida pode trazer riscos. Além disso, pessoas com diabetes tipo 2 também têm risco maior de desenvolver câncer colorretal”, explica a fundadora e presidente do Instituto Oncoguia.

Luciana destaca que o histórico de saúde pessoal e familiar também influencia no risco para o desenvolvimento desse tumor, principalmente para as pessoas:

Principais sintomas do câncer colorretal

O câncer colorretal é silencioso e com isso a maioria dos diagnósticos ocorrem quando a doença já está em estágio avançado. Quando o tumor apresenta sinais e sintomas, eles podem ser um ou mais dos seguintes:

“Diante de sinais ou de mudanças nos hábitos intestinais, o proctologista, o clínico geral ou o médico de família devem ser procurados o mais rápido possível. Ele fará uma avaliação correta do caso e solicitará exames”, orienta a psico-oncologista. “Entre os exames para o rastreamento da doença estão o de sangue oculto nas fezes, que pode identificar um sangramento inicial no trato digestivo, a proctoscopia e a colonoscopia. No caso de suspeita, também é comum que se realize uma biópsia durante a colonoscopia para testes patológicos. A colonoscopia para o rastreamento é recomendada a partir dos 45 anos de idade ou antes, caso haja casos de câncer na família. Diante da confirmação, o paciente será indicado ao oncologista que definirá como o câncer será tratado (com cirurgia, quimio ou radio, tratamentos-alvo ou imunoterapia).”

Como prevenir a doença

Luciana enfatiza que para prevenir o câncer colorretal é preciso evitar os fatores de risco que aumentam as chances de desenvolver a doença, isto é, mudar hábitos e levar uma vida de forma mais saudável, incluindo exercícios físicos e uma alimentação balanceada. “Além disso, o rastreamento do câncer colorretal é extremamente importante na prevenção da doença. A partir do momento em que as primeiras células anormais começam a formar pólipos, elas podem levar cerca de 10 a 15 anos até que se tornem o câncer colorretal propriamente dito. O rastreamento regular pode, em muitos casos, prevenir completamente a doença porque a maioria dos pólipos diagnosticados é removida antes que tenham a chance de se transformar em câncer”, finaliza.