Os casos de dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, já ultrapassaram a marca histórica registrada no Brasil, contabilizando mais de 2,5 milhões de pessoas infectadas e com mais de 600 mortes ocorridas em decorrência da doença em 2024, ano que tem potencial para se tornar o que mais registrou casos de dengue na história do país.
Os problemas do Brasil em decorrência da dengue não são de hoje, a doença circula há muito tempo por aqui, com relatos prováveis de epidemias de dengue já no início dos anos 1900. Portanto impedir a proliferação do mosquito Aedes aegypti ainda continua sendo a principal forma de evitar a disseminação da doença uma vez que a vacina ainda não está disponível para toda a população como destaca o médico infectologista e professor associado do Centro de Ciências Médicas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) Paulo Sérgio Ramos de Araújo, que também é pesquisador da Fiocruz Recife (Fundação Oswaldo Cruz) e membro titulado da Sociedade Brasileira de Infectologia.
“No momento a única medida para a redução de novos casos da dengue, já que a vacina ainda não está disponível de forma universal, passa pela conscientização de toda a sociedade civil para colaborar com as estratégias de mitigação da proliferação do Aedes aegypti através da incansável tarefa de revisar e combater os focos do mosquito transmissor.”
O Ministério da Saúde também recomenda a utilização de mosquiteiros sobre a cama, a instalação de telas em portas e janelas e, quando disponível, o ar-condicionado. Além dessas medidas, o professor orienta que as pessoas façam uso de repelentes e barreiras físicas como camisas de mangas longas, calças compridas e meias, principalmente no período diurno. “O mosquito fêmea tem hábito de repasto sanguíneo, principalmente durante a manhã e final da tarde, mas pode também ocorrer durante a noite e tem um baixo alcance de deslocamento vertical. No entanto, o mosquito pode ser transportado através de elevadores, atingindo andares mais elevados de prédios”, aponta o especialista Paulo Sérgio.
Sintomas
A recomendação é não dar espaço para a proliferação do Aedes, mas se isso ocorrer e você suspeita ter sido infectado, fique atento aos sintomas da doença:
Febre alta
Dores musculares
Dor de cabeça intensa
Náusea e vômito
Dor atrás dos olhos
Manchas vermelhas na pele
“Um caso suspeito de dengue, segundo os critérios do Ministérios da Saúde, é quando há a ocorrência de febre e dois ou mais sintomas como dor de cabeça, dor muscular difusa, dor atrás dos olhos ou outros. Sendo que a dor de cabeça, dor muscular e as manchas na pele são os mais comuns, associados a febre”, explica o infectologista.
O risco de desenvolver a forma grave da doença, também chamada de dengue hemorrágica, ocorre quando o indivíduo sofre uma segunda infecção, já que é possível contrair a dengue até quatro vezes, pois existem quatro tipos diferentes de vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) e a imunidade desenvolvida pelo corpo ao contrair a doença é específica para cada vírus, não havendo proteção cruzada. Ou seja, a pessoa que adoece por causa do vírus tipo DENV-1, ficará protegido contra ele pelo resto da vida, mas ainda poderá ter dengue se for picado por um mosquito infectado com o DENV-2, DENV-3 ou DENV-4.
“Segundo a teoria de Halstead, desenvolvida pelo virologista Scott Halstead, um dos maiores especialistas mundiais em vírus transmitidos por mosquitos, como é o caso da dengue, a dengue grave ocorre com maior frequência após a infecção sequencial por diferentes sorotipos da dengue, num período entre 6 meses e dois anos após a primeira exposição. Essa infecção sequencial, desencadearia uma exacerbada resposta imuno-inflamatória”, detalha prof. Paulo Sérgio. “A febre hemorrágica da dengue é caraterizada pelo quadro de dengue associada a hemorragias que podem ocorrer nas narinas, tubo digestivo ou de maneira mais leve como manchas na pele (petéquias).”
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o paciente pode entrar na chamada fase crítica da doença depois de três a sete dias do início dos sintomas, quando a febre começa a baixar. Nesse momento, sinais da dengue grave podem se manifestar:
Pode não ser covid-19
Febre, dor de cabeça, dores no corpo e cansaço muscular também são sintomas relatados por quem contrai covid-19, mas também por quem está com dengue como já foi mencionado. Por isso, em caso de um ou mais sintomas, procure um atendimento médico. “O diagnóstico diferencial entre dengue e covid se mostra menos complexo já que a covid costuma ocasionar sintomas gripais como obstrução nasal, dor de garganta e tosse”, aponta o infectologista. Mas ele precisa ser realizado por um médico, que fará uma análise adequada dos sintomas evolutivos da doença e assim pode fechar o diagnóstico.
Também não faça uso de medicamentos sem conhecimento. Em caso de dengue, o uso inadequado de certos remédios pode agravar o quadro de saúde. “A orientação é sempre procurar o serviço de saúde para o diagnóstico e tratamento adequados”, finaliza dr. Paulo Sérgio.
