Em abril, os resultados do mercado financeiro para os ativos com maior grau de risco, como a bolsa de valores B3, foram um banho de água fria para os investidores mais agressivos. Depois de acumular 14,48% no primeiro trimestre, o Ibovespa, principal índice de ações no Brasil, variou -10,10%, reduzindo o ganho em 2022 para 2,91%.
Com exceção dos títulos pré-fixados, que renderam -0,12%, os demais papéis de renda fixa fecharam o mês de modo positivo. O destaque ficou para os títulos indexados à inflação (IPCA) com vencimento de curto prazo, de até 5 anos, que renderam 1,56%.
Falando nela, a inflação, temos visto o que o seu crescimento faz (infelizmente) com os investimentos. Nos últimos 12 meses, a inflação acumulou 12,13%. Como nesse mesmo período os rendimentos obtidos na renda fixa foram inferiores, significa dizer que não houve ganho real proporcionado pelas aplicações nesse recorte de tempo. Pior, houve perda. Na renda variável (ações em bolsa), a situação também ficou prejudicada no acumulado do período, mas não tanto pela inflação, e sim pela alta volatilidade de curto prazo.
Perfis Funsejem e outros indicadores: acumulado 12 meses
Para os próximos meses, e ao longo de todo ano, as expectativas são de instabilidade nas aplicações de maior risco, além de pressão contínua nos preços, como cita Renato Eisele, consultor da Aditus, no Relatório Anual da Funsejem (leia matéria aqui). “Observando o momento atual, o cenário para 2022 ainda requer muitos cuidados em questão de controle de risco, uma vez que estamos vivenciando problemas locais específicos, além das questões globais como inflação, conflitos armados, normalização de política monetária e redução da liquidez global (…) E o risco eleitoral iminente em 2022, que pode potencializar questões fiscais.”
Embora o descontrole inflacionário tenha sido mais forte o ano passado, mantendo-se pressionado no atual exercício, os impactos sobre o retorno acumulado das aplicações estendem-se mesmo nos recortes maiores de tempo, como o de 36 meses. Isso porque de 2020 para trás, a inflação também existiu, tendo sido apenas menor. Quando então essa inflação passada é somada com os picos observados mais recentemente, ganha um peso relevante. No gráfico a seguir, a inflação supera os resultados de todas as aplicações, exceto os dos títulos públicos indexados à inflação, com vencimento em até 5 anos.
Perfis Funsejem e outros indicadores: acumulado 36 meses
Com relação aos papéis de inflação, eles pagam ao investidor uma taxa de juros fixa e uma taxa de juros pós-fixada, que acompanha a inflação. É, desta forma, uma aplicação que busca garantir ganho real e tem, claro, rentabilidade elevada em momentos de inflação, mas desde que o título seja mantido até a data de vencimento. Antes disso, não há garantia, pelo contrário, há risco de perdas em resgates antecipados.
Um outro porém a considerar é que esses papéis, em um plano de aposentadoria como o Votorantim Prev, estão suscetíveis à “marcação a mercado”, um jargão financeiro que significa a variação diária dos preços de um ativo. Em outras palavras, o mercado financeiro precifica, determina quanto vale o papel a cada dia. Assim, aplicações indexadas à inflação marcadas a mercado oscilam para cima ou para baixo, apresentando rentabilidade negativa inclusive, dependendo do cenário econômico, o que angustia alguns investidores. A oscilação afeta principalmente os títulos de longo prazo. É por esse, dentre outros motivos, que não dá para eleger ativos de inflação como única alternativa para períodos de inflação alta e para todos de forma indiscriminada.
Vale ressaltar que títulos pós-fixados também podem render mais quando a inflação sobe, mas não imediatamente.Como a inflação oferece muito mais prejuízo à economia de um país, os governos a controlam elevando a taxa básica de juros, com a intenção de reduzir o consumo. Desta forma, as aplicações atreladas a esta taxa, caso dos pós-fixados, vão aos poucos apresentando retornos mais altos, em determinados momentos, superando a inflação.
Importante ter em mente que toda aplicação tem prós e contras, e investir implica necessariamente em diversificar, tal como explica o consultor de investimentos Roberto Simioni, em matéria sobre o assunto nesta edição do Futuro On-line, confira aqui. Também demanda paciência e ajustes pontuais, que no seu plano de aposentadoria aqui na Funsejem podem significar adequação no nível dos aportes mensais realizados (quanto maior o investimento, maior o saldo), e/ou no perfil de investimento, desde que respeitadas suas perspectivas e características pessoais.
As opções oferecidas pelo plano que têm maior exposição a risco – perfis moderado, agressivo e superagressivo – contemplam carteiras bem diversificadas, porém, suscetíveis a variação de rentabilidade no curto prazo (incluindo negativa), e com resultados superiores esperados apenas para o longo prazo. Nem todo investidor tem pré-disposição a suportar essa oscilação, e ao se incomodar, acaba correndo mais risco, ao decidir mudar frequentemente de perfil, erro comum e muitas vezes irreversível. Isso porque, ao receber um resultado negativo de um perfil mais arriscado e se retirar dele, migrando para o conservador, por exemplo, o investidor perde a chance de recuperação da perda. De modo contrário, ao entrar em perfis agressivos depois deles apresentarem alta rentabilidade, o investidor perde em outro sentido, ao comprar cotas caras.
No caso do perfil conservador, a carteira é diversificada entre papéis de baixo risco, na maioria pós-fixados. Por sua natureza, de acompanhar a taxa básica de juros da economia, eles não promovem fortes oscilações e dificilmente apresentam variações negativas. No entanto, não são capazes de atingir resultados expressivos como de uma bolsa de valores. Daí a necessidade de realmente analisar anseios e convicções pessoais, jamais se restringindo a rendimento.
Um ponto de alívio é o tempo de formação de seu patrimônio. Quanto maior ele é, mais facilmente os efeitos corrosivos da inflação e a alta volatilidade do mercado de ações são dissipados. No gráfico a seguir, já é possível contar com ganho real, ou seja, ganho acima da inflação para o período acumulado de 5 anos. Em um recorte um pouco maior, de 8 anos, a situação melhora ainda mais. Considerando o objetivo principal do seu investimento, de formar um colchão financeiro complementar para a aposentadoria, vale a pena pensar sobre o aspecto tempo como um dos principais pilares e amigos de sua caminhada.
Perfis Funsejem e outros indicadores: acumulado 60 meses / 96 meses
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Sempre alerta!
Quando o assunto é investimento, sua análise precisa se basear no momento pelo qual passa o mercado financeiro, nas características da aplicação, e na adequação ao seu perfil de investidor. Os desempenhos, sejam de sua carteira pessoal ou da sua modalidade de investimento no plano de aposentadoria da Funsejem, devem ser considerados apenas como referência de gestão, e não como fator determinante para sua escolha, pois resultados passados não garantem rentabilidade futura.