Entenda a importância da diversificação nos investimentos

A maioria dos investidores brasileiros não diversifica os seus investimentos pessoais. Essa é a conclusão de um estudo realizado com 2 mil pessoas das classes A, B e C em fevereiro deste ano pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) a pedido do C6 Bank. O levantamento constatou que apenas 790 pessoas costumam poupar para investir – cerca de 39% da amostra –, sendo que desses investidores, 28% disseram colocar todo o capital disponível em um único tipo de produto, ou seja, apostam todas as fichas em uma única alocação. Outros 30%, apesar de não aplicarem todo o montante disponível, ainda concentram a maior parte do dinheiro em uma única aplicação.

Para o consultor de investimentos da Minato Consulting, Roberto Simioni, falta intimidade do brasileiro em correr riscos de uma forma controlada.

“A cultura de investimentos é pautada pela história do país. Nesse sentido, a nossa é de mais de 20 anos de alta da inflação, instabilidade na moeda, o que faz com que as pessoas prefiram ganhar pouco e abram mão de correr mais riscos em seus investimentos. Essa é uma postura totalmente oposta à do investidor estrangeiro. Nos Estados Unidos, por exemplo, os investidores têm um perfil mais empreendedor, eles se arriscam mais, diversificando seus investimentos para aproveitar as oportunidades do mercado. Mas por lá, até pouco tempo, a inflação era mais estável, garantido mais previsibilidade econômica, o que colabora para as pessoas estarem mais dispostas a correr mais riscos.”

Roberto explica que o passado e o presente da economia do Brasil não são impeditivos para que os brasileiros possam diversificar seus investimentos e obter melhores resultados com as aplicações financeiras. “Na verdade, as pessoas precisam mergulhar para dentro delas, se conhecendo, entendendo sua história e seus objetivos futuros, para que assim possam criar intimidade e aceitação a riscos. E existem riscos para todo o tipo de perfil, seja para alguém mais conservador, moderado, agressivo ou superagressivo, o segredo está em a pessoa se autoconhecer.”

A diversificação dos investimentos consiste em evitar que toda a rentabilidade esteja exposta ao mesmo tipo de risco, distribuindo o dinheiro entre diferentes ativos do mercado financeiro. Roberto leva em consideração três fatores antes de estruturar a diversificação de um investidor:

Qual o perfil do investidor – conservador, moderado, arrojado – e o seu grau de aceitação ao risco.

Qual o tempo que a pessoa tem para investir e obter o retorno do investimento, curto prazo, médio ou longo prazo.

Quais as classes de ativos atendem esses objetivos.

“Nesse sentido, a melhor maneira de elaborar uma boa diversificação é montar uma carteira com ativos não correlacionados, isto é, aplicações que não caminham na mesma direção ao mesmo tempo”, aponta o consultor de investimento. “Por exemplo, é possível ter uma aplicação em renda fixa, que vai acompanhar os juros pós-fixados e na mesma estrutura, ter um produto pré-fixado. Com isso, pode se obter um ganho tanto na alta de juros quanto na queda. Desta forma, dentro de uma estratégia defensiva, o investidor diversificou com dois produtos que olham para lados diferentes. O objetivo é que o investidor tenha diversas alternativas para não ficar preso a apenas uma estratégia e possa lucrar em vários cenários e oportunidades ao mesmo tempo.”

Mas isso não quer dizer que depois da carteira elaborada você deve esquecer seus investimentos e só lembrar do dinheiro quando chegar a hora de usá-lo. Na verdade, é importante que os investimentos acompanhem os ciclos da vida. “Por exemplo, a chegada de um filho, uma promoção, são situações individuais da pessoa. Mas ainda também é preciso observar os eventos que envolvem o indivíduo, como o cenário econômico, uma crise sanitária como a pandemia de covid-19, a inflação, entre outros. Por isso, é interessante a cada 6 meses ou 1 ano, repensar as estratégias e verificar se os planos para o uso do dinheiro se mantêm ou se os objetivos mudaram, sejam eles de curto, médio ou longo prazo, para fazer uma mudança ou não na rota dos investimentos. A nossa vida e o mercado são muito dinâmicos, por isso, é importante ficar atento para não perder nenhuma oportunidade ao longo do caminho, destaca Roberto”

Outro ponto crucial em uma boa estratégia de diversificação é destinar uma alocação para ser utilizada em uma emergência. “O objetivo é que a pessoa use apenas uma fatia da sua pizza de investimentos, ela não vai mexer em toda a estrutura, principalmente em aplicações que precisam de um tempo maior para garantir o ganho esperado”, explica o consultor de investimentos.

Para fazer a diversificação dos investimentos da forma correta, Roberto indica o apoio de um consultor. Afinal, para selecionar os melhores ativos, é preciso expertise para encontrar as melhores oportunidades e aproveitá-las na hora certa. “Se possível, conheça o trabalho de um consultor de investimentos. Pense no consultor como se fosse um médico, que te indica o melhor tratamento para o seu problema de saúde, ou como um fisioterapeuta que prepara os melhores exercícios para uma readequação postural, ou mesmo como uma nutricionista que elabora o melhor cardápio para equilibrar a sua alimentação e possibilitar mais saúde e qualidade de vida. O consultor de investimentos trabalha desta forma também, ele vai preparar uma estratégia diversificada de investimentos para que você possa aproveitar as oportunidades de mercado de acordo com o seu capital, seja ele de mil ou milhões, sempre com objetivo de fazer o investidor alcançar suas metas financeiras.”