Em 26 de julho é celebrado o Dia dos Avós, a data foi instituída pelo Papa Paulo VI, no século XX para homenagear os pais de Maria, mãe de Jesus. Religiosidade à parte, os avós são figuras centrais do núcleo familiar e à medida que a população mundial está envelhecendo, consequentemente, o número de avós também está aumentando, mesmo que seja para ter menos netos.
E não é somente a quantidade de netos que está diferente. O perfil das pessoas com mais de 50 anos mudou nas últimas décadas. Segundo o levantamento Envelhecer com novidade: A influência dos avós na geração Alpha, realizado em 2020 pelo C. Lab, laboratório interno de pesquisa da Nestlé Brasil em parceria com a Play Pesquisa e Conteúdo Inteligente, 63% dos idosos são provedores de família, continuam trabalhando após a aposentadoria oficial e estão cada vez mais participativos na criação e na vida dos netos.
Com os avós mais empoderados no núcleo familiar, Gilda Bandeira de Mello, 81 anos, uma das fundadoras do canal no YouTube Avós da Razão, afirma que busca ensinar para o seu neto limites.
“Não é tudo o que ele quer que eu darei. A vida não é assim e ele precisa aprender desde cedo que nem sempre é possível ter tudo o que se deseja. Por isso, quando meu neto me pede dinheiro emprestado, eu aceito que ele me devolva, mesmo que seja uma quantia pequena, pois assim ele vai aprendendo a ter responsabilidade”, conta.
Já Sônia Massara, de 85 anos, outra fundadora do Avós da Razão, está entre os avós que ajudam financeiramente os netos. Na pesquisa, 24% dos avós entre 70 e 80 anos ajudam financeiramente a família.
“Eu ajudo meus netos e bisnetos quando eles precisam”, afirma. Mas ela não é daquelas avós que dá presentes custosos. “Pra mim, presentes caros não são demonstração de amor e nem de carinho”, complementa.
Vivendo a velhice e a aposentadoria
Tanto Gilda quanto Sônia não são especialistas em finanças, mas aprenderam muito com as situações enfrentadas ao longo de suas vidas. “Eu consegui me manter equilibrada financeiramente porque sempre fui muito preocupada para não gastar mais do que eu ganhava, de me empolgar no uso do cartão de crédito, contraindo dívidas que me atrapalhariam no fim do mês”, conta Sônia. “Não é fácil manter o equilíbrio financeiro num país como o nosso. Por isso, acredito que é preciso ter um planejamento, pois a vida é cheia de altos e baixos e nem sempre percebemos isso quando somos jovens”, completa Gilda.
Nesse sentido, Sônia recomenda que as pessoas comecem a investir desde cedo.
“Pode ser um título de capitalização ou qualquer outra aplicação, o importante é fazer, pois isso vai ajudar você a ter uma graninha a mais no momento da aposentadoria e a não depender da família nesta fase”.
Já Gilda, destaca que pode parecer difícil fazer uma reserva financeira. Mas dá um conselho que aprendeu.
“Eu tenho um amigo que guardava 10% do que ganhava, não importava a quantia que ele ganhasse, desde que começou a trabalhar. Se fossem R$100 reais, ele guardava R$10 reais. Eu acho uma estratégia maravilhosa porque você pode começar a guardar dinheiro ainda jovem”, indica.
“Confesso que não sou muito boa em planejamento financeiro, mas consegui guardar algum dinheiro. Sou aposentada e tenho alguns aluguéis de imóveis que meu pai me deixou. Também abri alguns negócios e saí da minha zona de conforto. Acredito que empreender é uma forma de garantir uma renda extra. Com a internet, dá para fazer muita coisa. O que não dá é para ficar sentada esperando algo acontecer, é preciso lutar para ter sua independência financeira.”
O segredo da longevidade
As Avós da Razão já são um exemplo de como a expectativa de vida dos brasileiros aumentou nas últimas décadas. Em 2021, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a expectativa de vida dos brasileiros ao nascer era, em média, de 77 anos. A estimativa vem crescendo desde 1940, quando a esperança de vida ao nascer era de apenas 45,5 anos. Hoje em dia, os brasileiros vivem, em média, 31,5 anos a mais do que em meados do século passado.
Portanto, além da organização financeira, Sônia recomenda cuidar da saúde física e mental.
“Não existe segredo para se viver bem a velhice, o importante é cultivar o bom humor e procurar aprender com a juventude, que desperta a criança que ainda temos dentro de nós. Você pode aproveitar muito bem a sua aposentadoria sem que você vá para o aposento, isto é, para o invisível. Aproveite essa longa vida velha para preencher com tudo o que você gosta. Eu já sou velha há 25 anos e estou feliz!”
Gilda também aposta no bom humor para viver bem a longevidade.
“Procure viver de bem com a vida. Ocupe seu corpo e sua cabeça, não fique reclamando de tudo, pois você pode acabar ficando um chato que ninguém vai querer ter por perto. Ficar velho não é castigo e sim um privilégio. Nós, velhos, temos que nos cuidar porque temos muito a ensinar e a aprender.”