Como se preparar para cuidar de um pet

O mês de abril é dedicado à prevenção contra crueldade animal. O Abril Laranja foi instituído pela Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade Animal (ASPCA), organização não-governamental dos Estados Unidos, para combater os maus-tratos sofridos pelos animais e ajudar a conscientizar a população de que os bichinhos precisam de carinho, amor e atenção e isso inclui todos os animais existentes, não somente cães e gatos.

Todo ato que viola as cinco liberdades dos animais é considerado como maus-tratos. Entenda:

Assim como os humanos, os animais devem ter acesso a água e a uma alimentação adequada para que assim possam manter a saúde e qualidade de vida.

Os tutores dos animais devem garantir a prevenção, o diagnóstico e o tratamento, tais como vacinação, vermifugação, entre outros.

Os animais devem viver em ambientes adequados a sua espécie.

Além de não passarem por sofrimento físico, os animais também não devem passar por situações que causem sofrimento mental, medo e estresse.

Os animais devem ter a liberdade para se comportar naturalmente, o que exige espaço suficiente, instalações adequadas e a companhia da sua própria espécie.

O art. 32 da Lei 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais) penaliza quem comete maus-tratos contra animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos com a detenção de 3 meses a 1 ano e o pagamento de multa. Em casos em que os crimes são cometidos contra animais domésticos, como gatos e cachorros, a pena aumenta. A reclusão pode ser de 2 a 5 anos e multa, além da proibição de guarda do pet. Se o animal morrer, a pena pode ser aumentada em até um terço.

Como denunciar

Denúncias contra crueldade animal podem ser feitas na delegacia de polícia mais próxima a você. Podem também ser realizadas gratuitamente pelo telefone da central de denúncias do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis): 0800 61 8080 ou pelo e-mail para linhaverde.sede@ibama.gov.br. Você também pode relatar a violência pelo Disque Denúncia do seu estado.

Quanto custa ter um animal de estimação

Durante o primeiro ano da pandemia de covid-19 organizações não governamentais (ONGs) e protetores dos animais afirmam que a procura por adoção de cães e gatos teve um aumento de até 50%. No entanto, a partir do momento em que as pessoas começaram a retomar as suas vidas, fazendo atividades como sair todos os dias para o trabalho presencial, academia, entre outros, o número de abandonos também cresceu.

“Durante a pandemia, pelo fato das pessoas ficarem confinadas em casa, a procura pela adoção aumentou. Tivemos um recorde de adoções, foram 123 cães adotados em 2021. No entanto, neste ano, o cenário está totalmente diferente. Houve um aumento muito expressivo de abandonos, muitos animais devolvidos porque as pessoas não estão conseguindo encaixar o pet em sua nova rotina, acabam ficando fora doze horas por dia e o animal não se adapta, chora o dia inteiro, por exemplo”, revela Glaucia Lombardi, fundadora do Projeto Cão Sem Fome.

Mas o abandono e a devolução não são soluções nesses casos, o animal precisa ser treinado para essa nova situação. “A maioria dos pets que foram adotados conviveram com seus tutores 24 horas por dia. Aí de repente, ele se vê abandonado novamente, pois é isso que parece para ele. Ao ficar sozinho por tanto tempo, ele aciona a memória de quando foi abandonado e isso gera ansiedade, medo, entre outros sentimentos. Por isso é preciso treinar o animal para esses períodos de ausência”, explica Glaucia.

Veja algumas dicas da fundadora do Projeto Cão Sem Fome para treinar seu pet à nova rotina da casa.

  1. Comece se ausentar por pequenos períodos e vá aumentando gradativamente. O objetivo aqui é fazer o cachorro entender que você vai sair, mas vai voltar.
  2. Antes de sair, não faça carinho, não fique falando que vai embora, desta forma, você cria ansiedade no animal. Se possível, ignore o bichinho 15 minutos antes e quando der seu horário, saia, feche a porta como se nada estivesse acontecendo.
  3. O enriquecimento ambiental também é muito importante. Deixe brinquedos, aqueles que escodem petiscos para ele comer enquanto brinca são ótimas opções.
  4. Outra solução é contratar um passeador, um hotelzinho, uma creche uma vez ou duas por semana. Ou também é possível encontrar um vizinho, um parente, alguém que possa ficar com o pet ou fazer uma visita ao longo do dia e até mesmo um passeio.

Ter um animal sob sua tutoria é uma responsabilidade muito grande porque o bichinho requer cuidados básicos e um investimento financeiro. Um levantamento feito pelo IPB – Instituo Pet Brasil, em 2020, aponta que os cuidados com um cão podem chegar ao custo médio de cerca de R$ 340 mensais. Quando são animais de pequeno porte (até 10 kg), o valor fica em torno de R$ 266. Já os cachorros de médio porte, (de 11 kg a 25 kg), o custo chega a R$ 327 mensais; e os de porte grande (de 26 kg a 45 kg) geram despesas de cerca de R$ 422 por mês.

No caso de gatos, a despesa mensal é de R$ 197, em média. Aves como canário e periquito podem gerar um desembolso de R$ 7,80 por animal/mês. Os custos incluem itens como alimentação, gastos com banho, tosa – se for o caso do seu animal – vacinas, outros remédios, antipulgas e vermífugos.

“Um animal de estimação é um ser vivo, assim como um filho, que demanda não só um investimento financeiro, mas também uma responsabilidade emocional. Por isso, é muito importante levar em consideração sua rotina antes de adotar um pet. Para aqueles que adotaram ao longo da pandemia, agora é preciso encontrar formas de mantê-lo saudável, seguro e como parte da família. Combater o abandono e os maus-tratos têm que ser uma tarefa de toda a sociedade. Todo mundo pode fazer algo para ajudar um animal abandonado”, finaliza Glaucia.