Como preparar as finanças para atravessar o ano de 2022

O cenário para 2022 será de muita incerteza e instabilidade econômica no país. Ainda precisamos administrar a pandemia de covid-19, acompanhar o conflito entre Rússia e Ucrânia, e aguardar as eleições presidenciais, dentre outros fatores. Para ajudar você a organizar as finanças e atravessar o ano de 2022 de uma forma mais tranquila, conversamos com Pedro Braggio, psicanalista clínico e consultor financeiro. Acompanhe.

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Muito mais do que uma promessa de início de ano

O primeiro passo para se ter um ano próspero é fazer um planejamento. A pessoa precisa levar a sério, não basta ser uma promessa da virada! Se você é casado, tem filhos, por exemplo, precisa alinhar com toda a família o planejamento e quais os passos para alcançar os objetivos estabelecidos. O mesmo vale para quem não tem. No caso, pense nas ações que precisa tomar para conseguir guardar dinheiro, quitar suas dívidas. Para fazer o planejamento, crie uma planilha de gastos. Você pode começar em um caderno e com o passar do tempo, pode evoluir para o computador e depois para os aplicativos, que oferecem diversos recursos que vão ajudar ainda mais no controle do orçamento.

Planilha de Gastos: Anote as receitas fixas e variáveis – salário, 13° salário, restituição do imposto de renda, alguma renda extra, entre outros –, as despesas fixas e variáveis – aluguel, contas recorrentes, lazer, vestuário, comida, restaurante e etc. – e, por fim, o dinheiro para poupar e investir.

Feito isso, a pessoa identifica que pode guardar R$200,00 por mês, por exemplo. É indicado que todo mês ela reavalie essa meta porque pode encontrar gastos que podem ser cortados. Ao fazer isso, ela pode visualizar que tem condições de aumentar a quantia poupada. Mas, sem esse controle, é muito difícil se planejar. O legal do acompanhamento é chegar ao fim do ano vendo como é possível realizar um planejamento financeiro e aí motivação para continuar com esse sistema no próximo ano e no outro e pelo resto da vida será constante.

Quem guarda tem

Um ponto importante do planejamento é realizar um colchão financeiro. Antes de poupar para o futuro, para fazer uma viagem, trocar de casa ou carro, seja lá qual for o plano, é preciso ter uma reserva de emergências. E como fazer isso? Dentro das suas metas, você precisa guardar todo mês um valor em algum CDB ou fundo de rápida liquidez, o que isso significa? É um investimento que você consegue resgatar o dinheiro na hora caso você precise utilizá-lo em alguma situação urgente. A poupança não é uma opção nesse momento, pois não está proporcionando bons rendimentos. Importante lembrar que depois de usar qualquer quantia do colchão financeiro, você precisa se organizar para devolver esse valor a você, não precisa ser de uma vez, mas é necessário que volte a ter essa reserva para o caso de uma nova emergência. O valor do colchão financeiro tem que ser pelo menos quatro vezes o total das despesas mensais.

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O dinheiro do futuro é para o futuro

A partir do momento que você não está mais guardando dinheiro para o colchão financeiro, aí é possível investir para o futuro. Pode ser no plano de previdência da empresa, em ações, criptomoeda, Tesouro Direto, etc., tudo vai depender dos seus objetivos. Gosto de orientar que esse é um dinheiro para o futuro, não é para você ficar mexendo nele se quer fazer uma viagem, por exemplo. Para a viagem, estabeleça uma meta mensal e comece a guardar em um fundo de rápida liquidez, a mesma ideia do colchão financeiro.

Vilões do orçamento

Comer fora de casa, isso inclui pedir no delivery, é um grande vilão do orçamento. O ideal é sempre buscar fazer a maior parte das refeições em casa, isso quer dizer cozinhar a própria comida. Outra coisa é pensar na logística do uso do carro porque o combustível está caro. Ou seja, fazer um roteiro antes de sair, otimizando a localização. Às vezes, até compensa mais utilizar um Uber ao invés do seu próprio automóvel. Mas para saber disso, é preciso calcular os custos, comparar e planejar. Um vilão bem perigoso é a ostentação. Estamos vivendo a era do ‘aparecer’ e com as redes sociais, isso tem se intensificado muito. Aí na ânsia da ostentação, a pessoa faz dívidas que estão além do orçamento. Por isso, é muito importante acompanhar os gastos, antes de ostentar. O cartão de crédito também costuma ser um problema para quem não sabe utilizá-lo. Quando a pessoa vê que tem crédito se sente tentada a consumir, mas esse gasto também precisa estar no orçamento mensal. Por isso, tome muito cuidado. Se você não conseguiu estabelecer limites, deixe-o em casa, não faça compras on-line. Além disso, evite ter muitas contas correntes, tem muitas pessoas que se apegam aos bancos, tem um sentimento com a conta porque foi a primeira aberta, por exemplo, mas elas também trazem custos. Reavalie, tenha apenas uma conta. Simplifique a sua vida financeira!

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Dívidas enlouquecem e empobrecem

76% dos brasileiros estão endividados e essas pessoas estão enlouquecendo! Por isso, se você tem dívidas, negocie-as. Não pegue um empréstimo para pagá-las porque isso será uma bola de neve sem fim. O ideal é incluir essa despesa da dívida no orçamente e ir pagando aos poucos, dando preferência para aquelas que possuem taxas maiores de juros.

Estabelecer limites é bom

A inteligência psíquica, que engloba a inteligência financeira e emocional, é algo que pode ser trabalhado e desenvolvido. A maioria das pessoas não gosta de ter limites. Mas é importante saber qual é o seu limite para comprar roupas, gastar no supermercado, ir ao cinema, viajar, levando em consideração os objetivos financeiros. As pessoas precisam entender que existe um equilíbrio na vida, e mantendo esse equilíbrio ela será feliz. Não adianta ganhar muito dinheiro se não houver planejamento, pois sempre haverá um desequilíbrio e problemas financeiros. A nova propaganda do banco Santander com os ex-vencedores do BBB, exemplifica isso. A estratégia sempre será organizar os gatos e as receitas, depois montar o colchão financeiro e investir.

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