Herpes-zóster: se você já teve catapora, o vírus está dentro do seu organismo

O herpes-zóster, conhecido popularmente como cobreiro, é uma infecção viral provocada pelo mesmo vírus da catapora, que pode permanecer inativo no organismo por décadas e ser reativado durante uma queda expressiva da imunidade ou em períodos de estresse intenso como explica o infectologista Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

“O herpes-zóster é uma infecção viral causada pelo vírus varicela-zóster. Na primeira infecção pelo vírus, muito comum na infância, temos a manifestação da catapora. Já na vida adulta, devido à queda de imunidade em idosos, pessoas que estão em tratamento de câncer, ou até mesmo aquelas que estão passando por períodos de muito estresse, como os estudantes na fase pré-vestibular e atletas de alta performance, o vírus é reativado e se multiplica pelo sistema nervoso central, causando bolhas na pele, vermelhidão e coceira. Portanto, estima-se que 1 em cada 3 adultos vai desenvolver o herpes-zóster em algum momento da vida.”

Por que cobreiro?

A dermatologista Carolina Talhari, membra da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), aponta que o sintoma mais conhecido do herpes-zóster são as lesões na pele.

“O principal sintoma do herpes-zóster é o surgimento de lesões bolhosas, as vesículas, que podem estar unidas ou separadas ao longo de um dermátomo, isto é, um trecho da pele enervado, sendo mais comum no dermátomo intercostal, indo de uma ponta a outra do nervo. Além disso, o paciente pode ter febre, mal-estar generalizado, falta de apetite, entre outros.”

Essas pequenas vesículas com líquidos se estendem por uma única faixa de um lado do corpo, de forma demarcada e avermelhada. “Daí o nome popular cobreiro, pois parece um rastro de cobra deixado pelo tronco, face ou pernas”, explica o dr. Alexandre.

Se o vírus é reativado o herpes-zóster é contagioso?

Mesmo sendo um vírus reativado, o herpes-zóster é contagioso, pois as bolhas que se espalham pelo corpo carregam o vírus e ao se estourarem podem contaminar outras pessoas que tenham contado com o paciente. Além disso, pode ser transmito pela saliva ou suor.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico do herpes-zóster é clínico, isto é, com o exame diretamente das lesões. “Além do exame físico durante a consulta, o médico pode avaliar o histórico do paciente e solicitar exames laboratoriais”, aponta o infectologista.

Medicamentos antivirais, incluindo aciclovir, valaciclovir e famciclovir podem reduzir a duração e a gravidade da doença. Os médicos também podem recomendar analgésicos para a queimação e a dor, entre outros a depender do quadro do paciente. Tanto a dermatologista quanto o infectologista recomendam que o melhor tratamento para o herpes-zóster, na verdade, é a prevenção.

Como prevenir

Poucos sabem, mas existe uma vacina disponível no Brasil desde 2014 para prevenir o herpes-zóster. A vacina pode ser administrada mesmo que o paciente já tenha tido um episódio de herpes-zóster na vida.

“A vacina não está disponível no calendário do SUS – Programa Nacional de Imunizações (PNI) –, como a da catapora, mas sim na rede privada e é recomendada para pessoas acima dos 55 anos de idade”, explica o dr. Alexandre. “Pessoas em tratamento de câncer, que fazem uso de imunossupressores ou com deficiência do sistema imunológico acabam tendo um risco maior de reativar o vírus varicela-zóster, desenvolvendo o herpes-zóster. Portanto, a vacina é a principal forma de prevenção da doença”, complementa dra. Carolina.

O PNI disponibiliza a vacina contra catapora no seguinte esquema: a primeira dose é aplicada aos 15 meses, como parte da vacina tetraviral (SCR-V) e a segunda dose aos 4 anos de idade.

Complicações da doença

O herpes-zóster pode ter algumas complicações como a neuropatia pós-herpética.

“Quando a dor causada pelo herpes-zóster se prolonga, mesmo após a erupção da pele sumir, surge a neuropatia pós-herpética”, esclarece o dr. Alexandre. “A inflamação e a dor nos nervos pode durar meses e até anos, pois com a reativação do vírus, ele acaba inflamando todo o tronco nervoso. O tratamento da neuropatia pós-herpética inclui medicamentos tópicos e de via oral.”

Outras complicações também podem se manifestar no organismo, dependendo da enervação atingida pela doença. “O herpes-zóster pode causar paralisia de face, como ocorreu com o cantor Justin Bieber, perda da audição, entre outras e tudo vai depender do tipo do nervo afetado pelo vírus”, explica a dra. Carolina.

Por isso, consulte imediatamente um médico se notar algum sintoma que possa caracterizar o herpes-zóster. De forma geral, as orientações de tratamento são realizadas por um dermatologista, infectologista ou clínico geral. Quanto mais cedo começar o tratamento, melhor será a recuperação.