Cuidados com a saúde durante a pandemia de covid-19

A pandemia de covid-19 mudou os hábitos da população, que deixou de fazer várias atividades devido ao isolamento social, uma das formas mais eficazes para conter o avanço do novo coronavírus. No entanto, um hábito que não pode mudar ao longo desta pandemia é o de dar continuidade ao tratamento de doenças crônicas, além de manter outros cuidados com a saúde.

“Deixar de cuidar da saúde de forma integral é prejudicial porque as demais doenças não cessam o seu avanço e podem se agravar, tornando-se um risco maior à saúde e à vida do que a própria covid-19”, enfatiza o doutor Fábio Kawamura, diretor da Unidade Pompeia da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo. “Não adianta tentar se blindar contra o coronavírus e negligenciar outros riscos à saúde, que são potencialmente mais graves e letais. O medo precisa ser contraposto à consciência de que a covid-19 não é a única doença a ser prevenida e cuidada.”

Nesse sentido, portadores de doenças autoimunes, como artrite reumatoide, retocolite ulcerativa e doença de Chron, não devem suspender o tratamento, pois isso ajuda a enfraquecer a saúde de forma geral, sendo, inclusive, um maior risco no caso de contraírem o coronavírus. “Um estudo recente publicado no New England Journal demonstrou que essas pessoas não estão no grupo de risco e o paciente que mantiver a doença inativa, além de melhorar a sua qualidade de vida, no caso de contrair a covid-19, aumenta as chances de não desenvolver um quadro grave da doença”, destaca a coordenadora do Centro de Infusão e chefe da Reumatologia do Hospital Santa Catarina, dra. Jaqueline Barros.

Foto do doutor Fábio Kawamura, diretor da Unidade Pompeia da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Fábio Kawamura, diretor da Unidade Pompeia do Hospital São Camilo

Mesmo os portadores de outras doenças crônicas como câncer, diabetes, hipertensão, doença pulmonar obstrutiva, leucemias, transplantados etc., e até mesmo os idosos, que integram o grupo de risco para o coronavírus, também precisam dar continuidade aos tratamentos. “Diabéticos e hipertensos têm uma probabilidade muito maior de apresentar sintomas graves da covid-19. Mas por outro lado, também têm maior risco de sofrer um infarto e essa probabilidade pode ser agravada no inverno”, aponta a dra. Jaqueline.

Portanto, ambos especialistas indicam que as consultas e os exames preventivos, como papanicolau e mamografia para as mulheres, e PSA (Antígeno Prostático Específico) para os homens, exames de controle para diabetes, hipertensão entre outros devem ser feitos durante a pandemia. “É preciso que os cuidados sejam realizados na perspectiva integral de promoção da saúde e não apenas de tratamento de doenças depois que elas se manifestam e até com gravidade em alguns casos”, explica dr. Fábio. “Pacientes com quadros agudos também precisam ter cuidado. Muitas pessoas têm procurado o pronto-socorro depois de muito tempo de evolução dos sintomas, chegando ao hospital com um quadro avançado, sendo necessário cirurgia com maior risco, o que resulta em mais tempo de internação e risco de complicações.”

A dra. Jaqueline alerta que a detecção precoce de doenças pode levar a cura e muitas pessoas estão perdendo essa chance por medo de contrair o coronavírus. “Mesmo quando já tivermos a vacina contra a covid-19, o vírus vai continuar circulando pelo mundo, portanto, desde já, temos que aprender a conviver com ele de uma forma segura.” Desta forma, medidas básicas, como lavar as mãos com frequência, manter o distanciamento social e usar máscaras já fazem parte da rotina das pessoas, mas além disso, os hospitais, como os da Rede São Camilo e o Hospital Santa Catarina, ambos em São Paulo, têm adotado diversas barreiras de segurança para que os pacientes sintam-se seguros em realizar consultas, exames, bem como manter seus tratamentos.

Foto da Jaqueline Barros, coordenadora do Centro de Infusão e chefe da Reumatologia do Hospital Santa Catarina.
Jaqueline Barros, coordenadora do Centro de Infusão e chefe da Reumatologia do Hospital Santa Catarina

Entre as estratégias de segurança está a triagem de todos os pacientes com aferição de temperatura, preenchimento de questionário antes de adentrarem nas instalações. Uma vez dentro do hospital, os pacientes recebem máscara, são orientados a usar o álcool gel. A recepção e sala de espera estão com distanciamento maior entre as cadeiras, os profissionais que lidam com o público usam EPIs corretos e há a separação física completa dos pacientes suspeitos ou confirmados de covid-19. “Com isso, os hospitais se tornaram um ambiente mais seguro do que qualquer outro tipo de estabelecimento, mais confiável até do que um local para fazer compras”, afirma dr. Fábio.

Teleconsulta

Outra maneira de sentir segurança para retomar os cuidados preventivos é a teleconsulta. Adotada emergencialmente e de forma transitória durante a pandemia – Portaria Nº 467 –, a telemedicina é um modelo de atendimento em que o médico e paciente, seja do Sistema Único de Saúde (SUS) ou da rede privada, se comunicam por videochamadas de aplicativos como Whatsapp, Skype, Zoom ou outras plataformas específicas. A modalidade pode ser usada para atendimento pré-clínico, de suporte assistencial, de monitoramento e diagnóstico e vem ganhando cada vez mais espaço no mercado de saúde e muitos especialistas, como é o caso da dra. Jaqueline, acreditam que ela veio para ficar.

“A teleconsulta é uma aliada para os pacientes que precisam fazer uma consulta de rotina, isto é, quando o médico já conhece o paciente, ou também quando a pessoa está em dúvida se deve ou não procurar o pronto-atendimento”, considera dra. Jaqueline. “A telemedicina veio para ficar, mas com algumas restrições, pois tem alguns sintomas precisam do exame físico, por exemplo, uma pessoa que está com dor nas costas, essa dor pode ser desde uma cólica renal até uma hérnia de disco”. “Vale reafirmar que o tipo de acompanhamento (presencial ou por telemedicina) deve ser realizado conforme critério técnico do médico de cada paciente, de forma a realizar um cuidado eficaz, apropriado e humanizado para cada tipo de caso”, conclui dr. Fábio.

Lembre-se: manter os tratamentos realizados para doenças crônicas ou buscar um atendimento médico em caso de sintomas deve ser uma conduta durante a pandemia e após o seu fim. O surto de coronavírus vai passar e você vai querer ter boa saúde para aproveitar essa fase. Pense nisso e cuide-se!